Pensando RAW – Comparação entre a captura em JPEG e em RAW
Ivan de Almeida, novembro de 2008
Comparação de métodos de captura JPEG/RAW
A captura em JPEG, como já dissemos, pressupõe obter, usando as regulagens da câmera, um resultado imediato o mais próximo possível do resultado final desejado. Isso implica colocar cada tom na sua zona tonal final, e, devido tanto à curva de contraste inerente ao JPEG quanto ao fato de haver um descarte dos tons mais altos -que ficam transcritos como brancos puros- em geral o fotógrafo prefere subexpor ligeiramente, de modo a preservar o mais possível as altas-luzes deixando para levantar a foto posteriormente. Por outro lado, é essencial que acerte o balanço de brancos antes de fazê-la.
Objetivo da captura em JPEG:
1) Obter a foto quase pronta;
2) Obter a foto com o White Balance (balanço de brancos) correto;
3) Obter preservação das altas-luzes através de subexposição (ou, falando de outra maneira, “expor para a esquerda”).
A combinação dessas atitudes pode ser exitosa, mas esse êxito significará trabalhar dentro de limites expressivos bastante justos. Há inúmeras situações nas quais esses limites impedem a realização de uma concepção fotográfica mais refinada. Quando temos, por exemplo, a combinação de duas ou mais luzes, com temperaturas de cor diferentes, cada uma iluminando partes da cena, é difícil achar um balanço de brancos que aproveite isso. Quando temos uma grande latitude da cena e precisamos obter informações das altas e das baixas luzes, a prudência dos que programaram a geração do JPEG nos deixará sem a latitude desejada. Quando queremos uma curva de contraste bastante diferente das programadas pelo fabricante, quando queremos cores muito diferentes das programadas pelos fabricantes, em todos esses casos o JPEG nos decepcionará. E, por fim, quando precisamos de grandes ampliações, e por isso precisamos de cada ínfimo detalhe capturado, a compressão com perdas do JPEG nos roubará esses detalhes. Ampliar imagem comprimida mostrará seus limites.
Então, ao fotografarmos em RAW nós teremos outros limites, mais amplos que esses, mas para aproveitar isso não podemos desejar obter já no click uma fotografia pronta.
O objetivo da captura em RAW não é obter uma fotografia pronta e sim um arquivo com o máximo de informações recuperáveis. A exposição pode ser, em relação ao JPEG, completamente errada aparentemente, e mesmo assim estar certa, ser a melhor exposição dentro da filosofia de fotografar em RAW. Podemos olhar o histograma e vermos partes estouradas, podemos olhar a imagem no LCD da câmera e vermos as altas luzes piscarem como se estouradas. Para quem fotografa em JPEG, parecerá errado. Mas será o certo. Porque o que vemos no LCD não é o RAW e sim o JPEG embutido cuja finalidade é tão somente permitir visualizar o arquivo. O histograma apresentado não é do RAW capturado, mas do JPEG embutido, e por isso ele mostra os limites do JPEG naquela captura, para aquela exposição, mas os limites do RAW vão mais além.
Porque o objetivo da fotografia em RAW é:
1) Obter uma imagem com a maior quantidade de informações recuperáveis;
2) Obter uma imagem explorando ao máximo a latitude do hardware da câmera (sensor e conversor Analógico-Digital)
3) Obter uma imagem com a maior resolução que o sensor pode nos oferecer.
E, é claro, depois precisamos saber usar a conversão do RAW em arquivo de imagem para aproveitarmos o que foi conseguido na captura. Na conversão nós podemos recuperar essas informações que parecem perdidas no JPEG acoplado ao RAW, e, paradoxalmente, parte dessas informações que seriam perdidas estão na região tonal de melhor relação sinal/ruído.
Encontramos aí uma das primeiras dificuldades para o uso do formato. O JPEG acoplado, aquilo que efetivamente vemos no display de LCD de nossas câmeras, não contém exatamente a mesma coisa que a captura em RAW. Ele engana quem não tem experiência, induzindo o fotógrafo a adotar o mesmo procedimento que adotava no JPEG: expor para a esquerda por prudência. Mas no RAW devemos expor para a direita.
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