Fachada
Traga a luz!
Para tornar mais arejada e iluminada a casa de 325 m², em São Paulo, a arquiteta Flavia Petrossi criou novas janelas e aberturas estratégicas na reforma. Mas conservou a essência modernista do projeto original
2 min de leituraEra uma casa escura e úmida, com cômodos estreitos. Mas a paixão pela arquitetura modernista falou mais alto. Os traços do projeto original de 1976, do arquiteto Arnaldo Martino, encantaram a arquiteta santista Flavia Petrossi. “Convenci meu marido, que é médico, a comprá-la, em 2008, após mostrar as mudanças que eu faria na reforma”, diz. Sem alterar o estilo da casa de 325 m² – distribuídos em três níveis intercalados no terreno em aclive –, no bairro Cidade Jardim, em São Paulo, ela abriu grandes janelas para entrar mais luz natural nos interiores.
Outra solução encontrada por Flavia para clarear a casa foi trocar o piso escuro de lajotas, um hit da época, pelo porcelanato branco no térreo, do hall de entrada à cozinha, que dobrou de tamanho com a eliminação da copa. A arquiteta aproveitou melhor uma área onde ficava uma escada de serviço. “Não faz sentido nos dias de hoje”, afirma. No espaço, ela criou uma adega climatizada.
No nível intermediário, onde fica o living, Flavia investiu na área externa. Para projetar o jardim de seus sonhos com espelho d’água, ela retirou toneladas de terra até o vizinho dos fundos. “Muito perto da casa havia um muro de arrimo com dois metros de altura que escurecia tudo”, conta. As pedras do muro foram aproveitadas no paisagismo para ficar com linguagem igual à da varanda, coberta por laje apoiada em colunas revestidas do mesmo material. “Para ter iluminação zenital,fiz três domos nesta laje”, afirma.
A varanda passou a ser totalmente integrada ao living por três grandes painéis de vidro que correm para os dois lados no vão de nove metros. “Antes havia uma porta pequena e vidros fixos nas laterais”, diz. Na sala, ela manteve a lareira com caixa metálica na base de concreto, mas aumentou a entrada de luz natural colocando esquadrias com vidro fixo que chegam até a viga inclinada do telhado de duas águas. “O que me encantou na construção é a exposição dos materiais e do processo construtivo, como a laje pré-fabricada.”
Outro ponto forte é a comunicação entre os três níveis em torno da escada de concreto. No andar superior, uma passarela liga a suíte do casal ao home theater com acesso para os dois quartos de hóspedes. “Todos os dormitórios tinham 2,70 m de largura e davam para essa sala”, diz Flavia. Para ampliar seu quarto, ela acrescentou a área do escritório e mudou a porta para o outro lado. Mas, antes de demolir a parede e o pilar entre os cômodos, usou vigas de aço para reforçar a sustentação da laje.
Nos interiores, Flavia suavizou as paredes de tijolos aparentes com pátina de cal. “A parede curva, que abriga o lavabo, destaquei com a tinta vermelha”, diz. Entre as duas águas do telhado, ela aproveitou a faixa de elementos vazados para levar luz ao banheiro. Para concluir, substituiu as janelas dos quartos, que eram fixas, por painéis deslizantes de vidro e venezianas do tipo camarão. “Agora a casa respira.”