• Texto Marilena Dêgelo | Repórter de imagem Suzel Fontes | Fotos Luis Gomes
  • Texto Marilena Dêgelo | Repórter de imagem Suzel Fontes | Fotos Luis Gomes
Atualizado em
  (Foto: Luis Gomes)

Fachada dos fundos: a casa mistura estrutura de concreto com pedras e tijolos aparentes. O cobogó entre as duas águas do telhado foi aproveitado para banhar de luz natural o pavimento superior. A varanda recebeu três domos na laje. Móveis, da Etel Interiores e da Forma, e almofada, da L’Oeil. (Foto: Luis Gomes)

Era uma casa escura e úmida, com cômodos estreitos. Mas a paixão pela arquitetura modernista falou mais alto. Os traços do projeto original de 1976, do arquiteto Arnaldo Martino, encantaram a arquiteta santista Flavia Petrossi. “Convenci meu marido, que é médico, a comprá-la, em 2008, após mostrar as mudanças que eu faria na reforma”, diz. Sem alterar o estilo da casa de 325 m² – distribuídos em três níveis intercalados no terreno em aclive –, no bairro Cidade Jardim, em São Paulo, ela abriu grandes janelas para entrar mais luz natural nos interiores.

Outra solução encontrada por Flavia para clarear a casa foi trocar o piso escuro de lajotas, um hit da época, pelo porcelanato branco no térreo, do hall de entrada à cozinha, que dobrou de tamanho com a eliminação da copa. A arquiteta aproveitou melhor uma área onde ficava uma escada de serviço. “Não faz sentido nos dias de hoje”, afirma. No espaço, ela criou uma adega climatizada.

No nível intermediário, onde fica o living, Flavia investiu na área externa. Para projetar o jardim de seus sonhos com espelho d’água, ela retirou toneladas de terra até o vizinho dos fundos. “Muito perto da casa havia um muro de arrimo com dois metros de altura que escurecia tudo”, conta. As pedras do muro foram aproveitadas no paisagismo para ficar com linguagem igual à da varanda, coberta por laje apoiada em colunas revestidas do mesmo material. “Para ter iluminação zenital,fiz três domos nesta laje”, afirma.

  (Foto: Luis Gomes)

Living: o ambiente ganhou aberturas nas laterais da lareira de ferro com esquadrias fixas de alumínio, da Sepe. As duas chegam até a viga de concreto inclinada que apoia a antiga laje pré-fabricada. Abajur da Bertolucci. Poltronas, recamier e mesa lateral, da Forma. Mesa de centro e banco, da Dpot. Luminária da Lumini. (Foto: Luis Gomes)

A varanda passou a ser totalmente integrada ao living por três grandes painéis de vidro que correm para os dois lados no vão de nove metros. “Antes havia uma porta pequena e vidros fixos nas laterais”, diz. Na sala, ela manteve a lareira com caixa metálica na base de concreto, mas aumentou a entrada de luz natural colocando esquadrias com vidro fixo que chegam até a viga inclinada do telhado de duas águas. “O que me encantou na construção é a exposição dos materiais e do processo construtivo, como a laje pré-fabricada.”

Outro ponto forte é a comunicação entre os três níveis em torno da escada de concreto. No andar superior, uma passarela liga a suíte do casal ao home theater com acesso para os dois quartos de hóspedes. “Todos os dormitórios tinham 2,70 m de largura e davam para essa sala”, diz Flavia. Para ampliar seu quarto, ela acrescentou a área do escritório e mudou a porta para o outro lado. Mas, antes de demolir a parede e o pilar entre os cômodos, usou vigas de aço para reforçar a sustentação da laje.

  (Foto: Luis Gomes)

Jardim: Na área externa, o destaque é o espelho d’água visto pela janela da sala de jantar. Ao lado, a escada tem estrutura de concreto moldado na obra com degraus de sucupira, igual ao assoalho, e corrimão de ferro, que une os três níveis da casa. Na lateral, a parede tem recorte que destaca o volume curvo com pintura vermelha. (Foto: Luis Gomes)

Nos interiores, Flavia suavizou as paredes de tijolos aparentes com pátina de cal. “A parede curva, que abriga o lavabo, destaquei com a tinta vermelha”, diz. Entre as duas águas do telhado, ela aproveitou a faixa de elementos vazados para levar luz ao banheiro. Para concluir, substituiu as janelas dos quartos, que eram fixas, por painéis deslizantes de vidro e venezianas do tipo camarão. “Agora a casa respira.”

  (Foto: Luis Gomes)

Sala de TV: o caixilho dos painéis de vidro é recuado um metro para dentro, junto à bancada, dando origem ao jardim interno protegido pelo brise soleil de placas de cimento. (Foto: Luis Gomes)

  (Foto: Luis Gomes)

Sala de jantar: no espaço com pé-direito mais alto, os raios de sol entram em abundância pelas novas janelas. O piso de lajotas foi trocado pelo porcelanato branco fosco, 90 x90 cm, da Portobello. Mesa e cadeiras da Forma. Ao lado, a cozinha foi ampliada com a área da antiga copa, o ambiente ganhou a ilha central com bancada de teca, da Fiamoncine. Os armários são da mesma marcenaria. Luminária da reka. a parede é revestida de pastilhas da Vidrotil. (Foto: Luis Gomes)

  (Foto: Luis Gomes)

Adega: na área onde havia uma escada caracol, a arquiteta criou o espaço climatizado de madeira com vidro na face voltada para a sala de jantar. Do lado da cozinha, é fechada pelas caixas de vinho. (Foto: Luis Gomes)

  (Foto: Luis Gomes)

Quarto do casal: o espaço dobrou de tamanho com a área do escritório, do qual foi aproveitada a estante. As venezianas, antes fixas, foram trocadas pelas do tipo camarão. Lareira, da Casa das Lareiras. (Foto: Luis Gomes)

  (Foto: Luis Gomes)

Quarto do casal:  a viga de aço pintada de branco foi colocada para sustentar a laje antes da retirada da parede e do pilar entre os cômodos. Cabeceira de madeira de demolição. Roupa de cama da Ari Beraldin. Manta da L’Oeil. Arandelas da Reka. (Foto: Luis Gomes)