Decoração
Apartamento decorado com concreto aparente, poucas portas e paredes
Neste projeto do Estúdio Vitor Penha quase todas as paredes foram retiradas. O resultado é o concreto aparente, a integração dos espaços e a liberdade em todos o apartamento
2 min de leituraIzabela – com Z, por causa da numerologia – é um risonho bebê de cinco meses. Tão logo comece a engatinhar pelo apartamento onde vive com os pais, perceberá o mundo a partir de novos paradigmas. Concebido pelo Estúdio Vitor Penha, o espaço quase não tem separação entre os cômodos. Nem nas áreas consideradas íntimas, como quarto de casal e sala de banho. Também são poucas as portas e batentes. Integrar os ambientes para ter mais espaço? Sim, sempre. Mas o motivo da eliminação de divisões não foi apenas esse. “Queremos que nossa filha aprenda, desde cedo, a respeitar o espaço do outro”, contam Ricardo, publicitário, e Daniela, administradora de empresas, que abriu mão da planta tradicional de quatro dormitórios. Graças ao living integrado à varanda, que se une à sala de jantar e à cozinha, a família experimenta, ao redor da extensa mesa, “a verdade da casa”.
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Verdade é pia com louça suja, correspondência no sofá, cheirinho de tempero na panela – a comida não nasce pronta, Izabela. Verdade é algo fora do lugar, a presença dos funcionários, a TV com som baixo no mesmo ambiente da área de leitura. Na contramão do pensamento de que criança precisa de “quarto para brincar”, Ricardo é firme: “Ela vai brincar onde quiser. Não são as paredes que impõem os limites”. Diretor de criação do estúdio que leva seu nome, o arquiteto Vitor Penha primou pela autenticidade ao escolher os materiais, acabamentos e peças de mobiliário. Valendo-se do conceito que permeia sua filosofia de trabalho – o da beleza imperfeita –, Vitor expôs vigas, colunas pluviais, tubulações elétricas e subverteu as funções dos objetos. Por isso o concreto aparente por todo o apartamento. Nesta decoração de cozinha, em vez de ilha tradicional, há um carrinho de oficina mecânica. Com pintura laqueada e rodinhas, o móvel abriga utensílios – um achado da arquiteta Veronica Molina, coordenadora geral do escritório e braço-direito de Vitor. Garimpadas com paciência em antiquários do centro de São Paulo, cristaleira, armário e penteadeira ocuparam com ginga e sustentabilidade o território das marcenarias de alto padrão.
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O respeito e a liberdade que Ricardo e Daniela ensinarão à filha foi posto em prática com a equipe do Estúdio ao longo do período de projeto e obra. “Fomos tratados como artistas. Como se o imóvel fosse tela em branco à espera da criação”, lembra Veronica. Os moradores confirmam: “Contratamos a equipe de Vitor Penha como quem compra uma obra de arte”. Para o arquiteto, o resultado final traz uma morada singular, com extensa base de interpretação. “Por ser tudo integrado e exposto, a experiência é inversa à privacidade. O convívio está acima de tudo”, afirma. Bem-vinda, Izabela.