Desde o início da corrida espacial, Marte tem sido um dos locais mais explorados pelo ser humano. Isso se deve, em grande parte, à expectativa de que o planeta sustente alguma forma de vida. As mais recentes descobertas, no entanto, podem indicar que essa procura acontece no lugar errado. Com base em dados da sonda Cassini, pesquisadores confirmaram, na semana passada, que Encélado, uma lua de Saturno, tem um verdadeiro oceano sob a superfície de gelo. A presença de água líquida é considerada essencial para a vida como conhecemos.

Encédalo interessa aos cientistas desde 2005, quando a Cassini fotografou jatos de vapor e gelo no polo sul. Eles já sugeriam a presença de água líquida, praticamente confirmada agora por variações no campo magnético. “É uma quantidade imensa de água”, disse à ISTOÉ David Stevenson, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, responsável pelo estudo. Além de Encélado, os astrônomos sabem que existe água líquida em Europa, uma das luas de Júpiter.

Por que esses satélites não são mais explorados? Em duas palavras: custo e política. “Essas longas missões consomem muito dinheiro”, diz Stevenson. “É caro fazer algo que precisa funcionar por anos no espaço.” A Nasa e outras agências espaciais até teriam dinheiro para cobrir as despesas, mas definir essas missões como prioridade traria um custo político. “Há uma questão de relações públicas”, diz Carlos Alexandre Wuensche, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. “Na cabeça de quem financia a ciência em tempos de crise, a demora e o risco das missões não compensam o investimento.”

As críticas à priorização de Marte vêm de dentro da própria Nasa. Em 2013, quando cortes orçamentários acabaram com uma missão rumo à lua Europa, o cientista Robert Pappalardo, do Laboratório de Propulsão a Jato, disse que a agência americana “deveria explorar lugares que constituem prioridade científica”. O apelo não surtiu efeito. A Nasa tem apenas uma missão a caminho de Júpiter, mas nada mais planejado para o futuro.

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