Sudão do Sul: situação humanitária é crítica antes da estação chuvosa

11-04-2014 Relatório de operações N° 06/14

Quatro meses depois do início do conflito, as necessidades humanitárias continuam aumentando no Sudão do Sul. Centenas de milhares de pessoas estão deslocadas. Dezenas de milhares precisam de assistência médica. Com o conflito em curso em diversas áreas e a proximidade da estação chuvosa, o CICV está preocupado.

Minkamen. As pessoas continuam chegando e se instalando na margem norte do rio Nilo. Dezenas de milhares de pessoas de etnia dinka fugiram da violência na cidade de Bor, do outro lado d Nilo; mulheres e crianças pequenas são a maioria. ©CICV/Marco Yuri Jimenez

"Estamos preocupados com a deterioração da situação humanitária. A insegurança alimentar é crescente desde que a produção e o comércio de alimentos foram interrompidos em muitos lugares em decorrência da violência ou do deslocamento", disse o chefe da delegação do CICV no Sudão do Sul, Melker Mabeck. "Isso, combinado com a interrupção dos serviços de água e de assistência à saúde onde existiam, significa que as necessidades serão cada vez mais críticas".
 

"Quanto mais tempo durarem o conflito e a falta de segurança, mais difícil será para as pessoas obterem alimentos e que as suas necessidades básicas sejam atendidas", acrescentou. Além de responder à emergência por meio da distribuição de alimentos, água e prestação de assistência médica, o CICV está ajudando os agricultores e os pastores em comunidades afetadas pela violência a manterem os seus meios de subsistência sempre que possível.

Pessoas deslocadas do assentamento de Minkamen na margem oriental do Nilo. Duas jovens carregam água. 

Pessoas deslocadas do assentamento de Minkamen na margem oriental do Nilo. Duas jovens carregam água.
© CICV / Marco Yuri Jimenez

O conflito continua em algumas partes do Sudão do Sul. "Lembramos as partes da sua obrigação de cumprir com as normas do Direito Humanitário Internacional”, disse Mabeck. "Eles devem respeitar os civis e as suas propriedades. Os civis e as pessoas que deixaram de participar das hostilidades devem ser poupados. Os comandantes devem aplicar a disciplina, dar ordens claras e punir aqueles que não cumprem com as normas".
 

O CICV também lembra todas as partes que devem respeitar os profissionais e os estabelecimentos médicos. "Qualquer pessoa que estiver ferida ou doente, seja civil ou combatente, deve ter acesso à assistência à saúde, independente do lado ou grupo étnico ao qual ela está associada", disse Mabeck.

Assentamento de pessoas deslocadas de Minkamen. Uma mulher aguarda na fila com os filhos durante uma distribuição do CICV. 

Assentamento de pessoas deslocadas de Minkamen. Uma mulher aguarda na fila com os filhos durante uma distribuição do CICV.
© CICV / Marco Yuri Jimenez

"Sabemos, pela longa experiência, no sul do Sudão que a proximidade da estação chuvosa terá um impacto direto sobre a população. Também terá ume feito sobre o trabalho do CICV e que isso também será sentido pela população", disse. As estradas estarão intransitáveis e as aeronaves não poderão usar as pistas de aterrissagem que estarão enlameadas. "Aumentamos a nossa capacidade logística e continuaremos adaptando a nossa resposta, mas ainda será um desafio cumprir com tudo o que nos propomos fazer", acrescentou.
 

O Sudão do Sul é uma das maiores operações do CICV no mundo em termos de recursos comprometidos. A organização atualmente conta com600 funcionários no país que trabalham em cooperação com a Cruz Vermelha do Sudão do Sul. O seu orçamento anual para o país chega a 64 milhões de francos suíços (cerca de 72 milhões de dólares). Quatro equipes cirúrgicas móveis – mais do que em qualquer outro país – estão atualmente trabalhando em várias partes do Sudão do Sul.

"Em breve precisaremos de mais recursos para responder as necessidades cada vez maiores", disse Mabeck.

Desde o início a emergência mais recente, em meados de dezembro, em cooperação com a Cruz Vermelha do Sudão do Sul, o CICV:

  • Forneceu alimentos para cerca de 160 mil pessoas nos estados de Lagos, Unidade, Alto do Nilo, Warrap, Jonglei, Bahr el Ghazal do Norte e Oeste, e Equatoria Ocidental, e em Juba;
  • Forneceu outras 770 toneladas de alimentos essenciais para pacientes e detidos;
  • Forneceu utensílios domésticos básicos para mais de 220 mil pessoas em todo o país;
  • Vacinou quase 44 mil cabeças de gado, beneficiando aproximadamente 22 mil pessoas em Bahr el Ghazal do Norte que dependem dos animais para a sua sobrevivência;
  • Forneceu sementes e ferramentas para mais de 24 mil pessoas trabalharem a própria terra, além de material de pesca para 27 mil pessoas em determinadas áreas;
  • Forneceu água potável para quase 96 mil pessoas deslocadas ou em áreas afetadas pelo conflito, assim como para estabelecimentos de saúde e de detenção em várias partes do país;
  • Realizou mais de 1,2 mil operações e prestou assistência pós-operatória em oito estabelecimentos de saúde diferentes em todo o país;
    Forneceu material para curativos e outros materiais médicos para 24 postos de primeiros socorros e outros estabelecimentos de assistência à saúde;
  • Visitou mais de 1,8 mil pessoas mantidas em vários centros de detenção;
  • Facilitou quase 5 mil telefonemas entre familiares.

Mais informações:
Frédéric Capdevila, CICV Juba, tel: +211 912 360 038
Jean-Yves Clémenzo, CICV Genebra, tel: +41 22 730 22 71 ou +41 79 217 32 17