• Luciana Galastri
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Você estimularia seu cérebro com uma leve corrente elétrica? (Foto: Flickr/ Creative Commons)

Você estimularia seu cérebro com uma leve corrente elétrica? (Foto: Flickr/ Creative Commons)

Como você estimula seu cérebro a aprender mais rápido e melhor? Eu, particularmente, uso uma mistura de altas doses de cafeína (são 10 da manhã e já tomei 4 cafés para aguentar a segunda-feira) e músicas especialmente selecionadas. Mas e se tivesse um jeito mais rápido e eficiente?

Um novo estudo, publicado no Journal of Neuroscience, sugere que seria possível manipular nossa capacidade de aprendizado através da aplicação de uma corrente elétrica no cérebro. E, além disso, efeito poderia ser aumentar ou suprimir a habilidade de reter informações dependendo da direção da corrente no córtex medial-frontal. Essa região do cérebro seria responsável pela sensação que temos quando cometemos um erro - o sentimento do "Ops!".

Estudos anteriores mostraram um pico de voltagem 'negativa' se originando dessa região do cérebro milisegundos depois que uma pessoa comete um erro, mas não se sabia o motivo. Os autores do estudo queriam manipular esse efeito e ver se conseguiam 'controlar' esse nosso crítico interior.

O experimento

Usando um elástico, os pesquisadores fixaram dois eletrodos nas cabeças de voluntários. Através de esponjas ensopadas em uma solução salina, que serviam como condutoras, eles aplciavam 20 minutos de correntes diretas de estimulação transcraniana (uma corrente 'leve' sai do eletrodo que serve como ânodo, passa pela pele, músculos, cérebro e ossos e 'sai' pelo eletrodo que representa o cátodo, completando o circuito, ou sai do cátodo e vai para o ânodo, dependendo da forma com que era posicionada pelos cientistas). Segundo os autores da pesquisa, seria a forma menos invasiva de estimular o cérebro - tanto que as pessoas que passaram pelos testes afirmaram sentir apenas uma leve 'coceira' no começo de cada sessão.

Em três sessões, os voluntários tiveram os ânodos e os cátodos colocados em diferentes lados da cabeça, de forma aleatória, ou apenas colocavam os eletrodos sem que eles fossem ligados, para teste a interferência do efeito placebo.

Os resultados mostraram que 75% dos voluntários tiveram um melhor desempenho em tarefas cognitivas após serem submetidos a correntes que saiam do ânodo e iam para o cátodo - e o desempenho piorava quando a corrente fazia o caminho contrário. Enquanto o efeito foi pouco notado pelos voluntários (a variação dos erros foi de apenas 4% e as respostas eram dadas poucos milisegundos antes), tomografias mostraram que o nosso 'crítico interno' - o pico de atividade negativa do córtex medial-frontal - agia mais. Logo, as pessoas ficavam mais alertas e sujeitas ao estímulo negativo de seus erros, aumentando a taxa de aprendizado.

O efeito de cada sessão de estímulo (negativo ou positivo) durava cerca de cinco horas. E, antes que você pense que vamos submeter alunos em idade escolar a correntes, saiba que a ideia dos cientistas é usar a descoberta para o tratamento de esquizofrenia e défcit de atenção.