Rio

Revitalizada, Casa de Rui Barbosa ganha mais verde

Jardins do espaço serão reabertos dia 17 de novembro com nova programação

O lago em frente ao imóvel foi recuperado: havia muitas moedas aterradas no local, uma delas com a face de Rui Barbosa
Foto: Agência O Globo / Fernando Lemos
O lago em frente ao imóvel foi recuperado: havia muitas moedas aterradas no local, uma delas com a face de Rui Barbosa Foto: Agência O Globo / Fernando Lemos

RIO — As flores trepadeiras, paixão do antigo proprietário, estão voltando à área externa da construção cor-de-rosa, do século XIX, na Rua São Clemente, em Botafogo. E, junto com parreiras, também replantadas, prometem devolver ao belo jardim do Museu Casa de Rui Barbosa o colorido dos tempos em que o espaço verde era cuidado pelo próprio jurista e escritor que dá nome ao lugar. E já não era sem tempo. Depois de 11 meses fechado para obras, no dia 17 de novembro ele reabre ao público revitalizado e com novo horário de funcionamento, das 8h às 20h.

Com aproximadamente seis mil metros quadrados, o jardim da Casa de Rui Barbosa foi inaugurado como área pública em 1930. O terreno é o que restou de uma chácara, construída em 1850 pelo Barão da Lagoa, e que antes foi residência de três famílias (entre elas a de Rui Barbosa), até ser comprada em 1927 pelo governo federal. Não há documento histórico comprovando a autoria do paisagismo, mas alguns especialistas já viram nele características do trabalho do francês Auguste Glaziou, autor do Campo de Santana e da Quinta Boa Vista.

— O jardim só havia passado por uma grande obra em 1930. Este é o primeiro museu-casa do Brasil — diz Jurema Seckler, diretora do lugar.

Antes de cuidar do paisagismo, foi necessária uma grande reforma na infraestrutura dos jardins. Na primeira etapa, foram restauradas a fachada, assim como esculturas, rocailles (pedras, corrimãos e adornos que imitam pedras e elementos da natureza), quiosque, laguinhos, caramanchão, gradis e luminárias. A dupla de leões da fundição Val d’Osne, do século XIX, a escultura de uma águia, e o busto de Rui Barbosa também foram recuperados. Nesta fase, foram gastos R$ 1,2 milhão, recurso do Fundo Nacional de Cultura.

Com o jardim todo remexido (foi preciso trocar até a terra) e tantos operários circulando, até mesmo os pássaros andaram sumidos. A segunda etapa da obra custou R$ 3,5 milhões, verba do BNDES e da Lei Rouanet. Segundo a diretora do Centro de Memória e Informação da Fundação Casa de Rui Barbosa, Ana Lígia Medeiros, a vizinhança do museu anda cobrando a reabertura.

Das cinco luminárias que adornavam a área externa, apenas três voltaram ao quintal, restauradas: duas com imagens do deus Pan e uma com cabeças de dragões. As outras duas, com formato de mulher, foram para dentro do prédio. A estrutura do parreiral, por exemplo, foi reconstruída e recebeu novas mudas de rosas trepadeiras e pés de uva. Apenas quatro das 111 árvores foram condenadas, entre elas uma palmeira, substituída por uma nova.

— Nosso objetivo não foi mudar o jardim, apenas modernizar a área — conta a arquiteta da Fundação Casa de Rui Barbosa, Márcia Furriel.

Um dos destaques da revitalização, a nova iluminação deixará o espaço verde inclusive à noite, permitindo a organização de eventos noturnos. No dia 17, a programação será voltada para as crianças, com contadores de histórias e teatro.

Durante a obra, que teve monitoramento arqueológico, foram achadas peças relacionadas a ex-moradores, como chupetas e restos de brinquedos de bebês que usaram os jardins nas últimas décadas.

— Também havia muitas moedas na parte da frente casa, onde tem um lago. Acreditamos que as pessoas passavam e jogavam. Foi achada até uma moeda com o rosto de Rui Barbosa, da década de 1950 — conta a arquiteta, referindo-se a uma moeda de vinte centavos de cruzeiro.