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Empresários abrem lojas temporárias para faturar mais no Natal

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo (SP)

14/11/2013 06h00

Melhor período para o varejo, o Natal abre espaço para lojas temporárias de artigos natalinos, que veem no período uma oportunidade para futurar alto em pouco tempo.

Somente em dezembro de 2012, o comércio paulista movimentou R$ 44,76 bilhões, segundo a Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). Para 2013, a entidade espera um crescimento entre 2% e 3% sobre o ano anterior.

Para aproveitar este movimento, o empresário Maurício Cassas, 55, abre todos os anos, desde 2004, a loja Natal & Art, em São Paulo (SP). O negócio funciona entre os meses de outubro e dezembro.

Em 2013, Cassas aposta em uma loja de 150 metros quadrados no shopping Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo. Mas, em outros anos, ele chegou a abrir três lojas menores em diferentes shoppings da capital paulista.

“As lojas se tornaram pequenas para a variedade de produtos que gostaria de oferecer. A solução foi buscar um espaço maior”, afirma.

Apesar de ter duas lojas a menos neste ano, o empresário espera faturar 15% a mais do que em 2012. “Tenho mais de 6.000 itens na loja, com preços que variam de R$ 1,20 a R$ 7.000”, diz. O faturamento não foi divulgado.

Cassas, que tem 30 anos de experiência no varejo, atua com a venda de mudas de plantas para recuperação ambiental durante o ano.

Investimento pode chegar a R$ 500 mil

Em Belo Horizonte (MG), a empresária Claudia Travesso, 52, é proprietária da loja de decoração Casa Futuro. Desde 2007, além de utilizar parte de sua loja para a venda de artigos natalinos, ela ainda investe em um espaço temporário em um shopping da capital mineira.

Entre aluguel, estoque e funcionários, ela diz que o investimento pode variar de R$ 200 mil a R$ 500 mil, dependendo do tamanho da loja.

A empresária não informa o faturamento do negócio, mas espera aumento de até 15% nas vendas neste fim de ano.

“Nessa época do ano, os shoppings ficam cheios e percebi que poderia aproveitar este alto fluxo de pessoas para faturar mais.”

Travesso declara, ainda, que os produtos que sobram após o Natal ficam armazenados em um galpão próprio e voltam para as prateleiras no ano seguinte.

“Apesar de trabalharmos com a loja só por três meses, o planejamento deve ser feito durante o ano inteiro”, afirma.

Loja troca ferramentas por peças natalinas durante fim de ano

Já a loja de presentes e ferramentas Fernet, na capital paulista, muda o foco de atuação no segundo semestre do ano. A empresa reduz a exposição de ferramentas e outros artigos para construção e investe em peças natalinas. Os primeiros artigos chegam às prateleiras em agosto e, a partir de outubro, ocupam metade do andar térreo da loja.

A proprietária do negócio, Ivone Teixeira, 50, diz que a empresa está no mercado desde 1997, mas só há sete anos começou a trabalhar com artigos natalinos.

“O comércio popular aqui na região é forte e quem não aproveita esta época do ano perde dinheiro”, declara.

Sem planejamento, empresário pode perder dinheiro

Para o coordenador de pesquisas do Provar-FIA (Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração), Nuno Fouto, a vantagem destas lojas sazonais é que elas aproveitam o melhor momento do ano para o comércio.

No entanto, o risco é alto e o empreendedor pode perder dinheiro se não fizer um planejamento, segundo o professor.

“Num negócio convencional, o empresário pode fazer testes e ajustes com o tempo. Numa loja temporária, se ele errar no começo, o desempenho pode ficar abaixo do esperado”, diz.

Fouto afirma que o capital inicial para investir também é maior. “Para abrir uma loja dessas, o investimento é feito de uma vez e não aos poucos como nos negócios tradicionais.”

De acordo com o professor, o planejamento de uma loja temporária de Natal deve começar um ano antes.

Neste período, o empresário deve avaliar o que as empresas oferecem, o que os consumidores buscam, identificar fornecedores, calcular gastos e estipular metas reais de vendas.

Apenas no começo de outubro é que a loja começa a funcionar. “O empreendedor precisa levar em conta que a mão de obra também será temporária, o que geralmente custa um pouco mais”, declara Fouto.

Loja temporária precisa de CNPJ

Para abrir uma loja temporária é necessário CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) e alvará como em qualquer empresa, inclusive para quem já é dono de um negócio e queira ampliar a atuação no fim de ano, segundo o Sindilojas-SP (Sindicato dos Lojistas do Comércio de São Paulo).

A entidade recomenda, ainda, que o CNPJ seja encerrado após o período de atividade da loja sazonal.

De acordo com o Eduardo Sylvestre, gerente de marketing e produtos do Sindilojas-SP, o ponto comercial também precisa ser estudado com atenção pelo empresário.

O mais indicado, segundo Sylvestre, são locais de grande fluxo de pessoas e, de preferência, com estacionamento próximo ou recuo na rua.

“Em três meses o empresário não tem tempo de formar uma freguesia e se tornar conhecido. Ele precisa ganhar o cliente que passa em frente à loja pela ocasião”, diz.