18/07/2013 08h39 - Atualizado em 18/07/2013 12h23

Impacto do dólar na inflação deve ser limitado por política de juros, diz BC

Alta do dólar resulta em 'natural e esperada correção de preços relativos'.
Juro maior contribui para queda da inflação em 2013 e 2014, acrescentou.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avaliou nesta quinta-feira (18), por meio da ata de sua última reunião, quando os juros subiram 0,5 ponto percentual, para 8,5% ao ano, que a alta do dólar, verificada nos últimos trimestres, deve resultar em uma "natural e esperada correção de preços relativos". Com isso, o impacto do dólar na inflação, ou seja, no aumento dos preços, deverá ser limitado pela política de juros adotada pelo governo.

Segundo o comitê, a desvalorização do real frente ao dólar é uma fonte de pressão inflacionária em prazos mais curtos. Os efeitos em prazos mais longos, no entanto, "podem e devem ser limitados pela adequada condução da política monetária [definição da taxa de juros]", afirmou o BC.

O Copom manteve ainda a avaliação de que, em momentos como o atual, a política monetária (definição dos juros) deve se manter "especialmente vigilante", para reduzir os riscos de que os níveis elevados de inflação vistos nos últimos 12 meses "persistam no horizonte relevante para a política monetária". Com isso, sinalizou que o ciclo de alta de juros pode ter continuidade nos próximos meses. O mercado acredita que o juro deve terminar 2013 em 9,25% ao ano.

Alta do dólar
Economistas lembram que quase 25% dos produtos consumidos em nossa economia são importados, resultando em impacto inflacionário quando a moeda norte-americana se valoriza. Até meados do mês de maio, o dólar operava ao redor de R$ 2 no Brasil. Desde então, porém, registrou alta e, atualmente, tem oscilado entre R$ 2,22 e R$ 2,30.

Analistas do mercado avaliam que uma alta de R$ 0,10 no preço do dólar poderia ter um impacto de, no máximo, 0,2 ponto no IPCA deste ano. Deste modo, se o dólar estava em cerca de R$ 2 antes da sinalização do BC norte-americano e passou, atualmente, para um valor próximo de R$ 2,30, o impacto seria de até 0,6 ponto percentual no IPCA. Entretanto, o dólar teria de permanecer neste patamar.

Meta de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o IPCA. Ao subir os juros, o BC atua para controlar a inflação e, ao baixá-los, julga, teoricamente, que a inflação está compatível com a meta.

Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Na ata do Copom divulgada nesta quinta-feira, o BC reafirmou que o ciclo de alta de juros, que acontece desde abril, "contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano".

Antes da alta recente do dólar, a expectativa dos economistas dos bancos era de que o aumento dos juros total previsto para este ano seria de um ponto percentual, passando de 7,25% para 8,25% ao ano no fim de 2013. Após a disparada do câmbio, os economistas passaram a prever um ciclo bem maior de alta dos juros: para 9,25% ao ano no fim de 2013.

Shopping
    busca de produtoscompare preços de