A noite de segunda-feira (19) foi de emoções para uma família de Campo Grande. O patriarca, de 94 anos, conheceu a neta de 35 anos, que foi tirada dos parentes maternos logo após o nascimento. A mãe morreu no parto e o pai sumiu com ela, deixando a outra filha. Ela foi encontrada morando no Maranhão.
Ana Lúcia Silva de Almeida conheceu o avô, a irmã Silvinha Paula de Jesus Carvalho e outros familiares. "Seja bem-vinda, minha irmã. Você não está só no mundo, tá?", disse Silvinha a Ana Lúcia.
O avô, João Graciano, não tinha mais esperanças de conhecer a neta. "Eu estava achando que ia morrer sem conhecê-la. Graças a Deus ela veio para onde eu estou", disse emocionado.
Procura
A procura por Ana Lúcia começou há cinco anos, no interior do Maranhão. Jânio Ricardo Alves Aranha, marido de Silvinha, ajudou. "A gente tinha o ponto inicial, o endereço de uma aldeia indígena, onde ela tinha estudado. Levantei nome, pessoas que conheciam e saí no rastro", explicou.
Jânio foi de Campo Grande para o Maranhão de carro sozinho e voltou com a cunhada e os filhos dela. Segundo ele, foram 15 dias naquele estado a procura de Ana Lúcia, que estava há 17 anos sem ver as pessoas que cuidaram dela após a morte do pai.
Para Ana Lúcia, a família cresceu rápido depois. Ela ganhou irmã, tia, sobrinhos e avô. "Daqui para frente eu não quero perder o contato com eles nunca mais. É muito ruim viver num mundo sem ninguém", finalizou.
Família
Os pais das irmãs moravam no Pará quando a recém-nascida foi tirada do convívio com os parentes maternos. Silvinha recorda. "Quando ela nasceu, que a minha mãe faleceu, eu vim embora para Mato Grosso do Sul e ela ficou com o pai dela. Aí o pai dela faleceu e a madrasta também, então, ela ficou só", lembra.
Além da solidão, também tinha a angústia de não saber onde estava parte da família. "Eu nunca tive contato nem com meu avô nem com ninguém da família. Era meu sonho encontrar minha família e hoje estou tendo esse privilégio de conhecer minha irmã, meu avô, contou.