• Por Thiago Cid
Atualizado em
investimento_relogio_dinheiro (Foto: Shutterstock)

No Distrito Federal, startups ainda são dependentes do fomento público (Foto: Shutterstock)

A capital do país tem uma economia que gira em torno do poder público e da prestação de serviços para a população. Por sua natureza administrativa, ela nunca foi um cenário forte de empreendedorismo e surgimento de grandes empresas. É assim que Carlos Augusto Ferraz, diretor de núcleo da Anjos do Brasil, descreve Brasília. Para ele, o Distrito Federal é referência em termos de ensino e pesquisa acadêmica, mas pouco do que é desenvolvido chega ao mercado. “Aqui há uma mentalidade de querer ser subsidiado por investimentos a fundo perdido ou por fomento público”, afirma. “Em termos de estratégia, não seria o melhor local para prospectar startups, mas assumimos o desafio”.
Em operação desde o fim de 2011, o núcleo da Anjos no DF é composto por seis investidores. Além de ajudar no desenvolvimento de um ambiente fértil para empresas de tecnologia, ele tem a missão de sensibilizar as lideranças políticas na aprovação de medidas públicas que tragam mais segurança à criação de uma startup.

Ferraz, fundador da Polaris, empresa de investimentos privados em venture capital, encabeça essa missão. Para isso, ele afirma que é preciso educar os atores da região, ensinar essas empresas a terem agilidade e objetivo comercial, fugindo da dependência do dinheiro público dentro do ambiente acadêmico.

Outro ponto é a expectativa por um retorno. Segundo Ferraz, investir em uma empresa que só dará resultados anos depois é um risco que ainda desperta dúvidas em muitos dos investidores. A Anjos do Brasil tenta convencê-los mostrando que, por necessitarem de baixos valores, essas empresas não precisam ser o único investimento desses fundos. “Nós recomendamos que elas representem de 5% a 10% dessas carteiras”, diz Ferraz. É uma forma de diversificar o destino do dinheiro e diminuir os riscos.

Desafio Político

Ferraz diz que está em constante conversa com políticos e técnicos do governo. “Queremos mostrar que políticas públicas para as startups podem trazer muitos benefícios para o país", diz. A principal demanda é a mudança das exigências fiscais e tributárias para essas empresas e a regulamentação do investimento anjo. “Hoje em dia, não temos segurança jurídica para investir em empresas”, afirma Ferraz. “Se algo acontece ao negócio, ainda podemos ser responsabilizados como se fôssemos donos.”