03/07/2013 17h02 - Atualizado em 03/07/2013 17h04

Dólar fecha em alta e vai a R$ 2,26

Moeda fechou a R$ 2,2691, maior valor desde 1º de abril de 2009.
Analistas veem moeda em alta até a metade de 2014.

Do G1, em São Paulo

O dólar voltou a fechar em alta nesta quarta-feira (3), e renovou a cotação máxima quatro anos. A moeda norte-americana terminou o dia vendida a R$ 2,2691, uma valorização de 0,84% frente ao real. É o maior valor de fechamento desde 1º de abril de 2009, quando a moeda encerrou a R$ 2,281.

O Banco Central informou nesta quarta que a retirada de dólares no país no mês de junho superou o ingresso de moeda estrangeira em US$ 2,6 bilhões. Foi  maior retirada líquida de moeda estrangeira da economia desde dezembro do ano passado, quando US$ 6,7 bilhões deixaram o Brasil.

Segundo pesquisa da Reuters, a alta do dólar ante o real não será revertida no próximo ano e pode acelerar ainda mais com a redução do estímulo à economia dos Estados Unidos. Economistas em todo o mundo, muitos pegos de surpresa com a subida de mais de 10% do dólar em dois meses, revisaram suas estimativas de forma abrupta pelo segundo mês seguido e agora veem a moeda em torno das máximas em 4 anos até a metade de 2014, pelo menos.

A alta é uma das provas mais claras da desilusão dos investidores com o Brasil após mais de dois anos de frustração com o crescimento da economia. O Banco Central vem intervindo frequentemente, colocando o equivalente a mais de US$ 15 bilhões em swaps cambiais nas últimas semanas, mas tudo o que conseguiu até agora foi evitar uma disparada, e não reverter as expectativas.

A mediana das projeções dos 30 analistas consultados pela Reuters coloca o dólar a R$ 2,225 ao final de 12 meses, ante R$ 2,10 na pesquisa do mês passado e perto do fechamento de terça-feira, a R$ 2,25.

"Durante anos, as economias emergentes subiram junto com a maré dos preços de commodities, da disparada da economia chinesa e da abundância de liquidez nos bancos centrais de economias avançadas", afirmou à Reuters Marcelo Carvalho, chefe de pesquisa do BNP Paribas para América Latina, que vê o dólar a R$ 2,45 até o fim do ano – projeção mais alta entre as 30 obtidas.

"O que a gente vê agora é a formação de uma tempestade perfeita para mercados emergentes em um horizonte não muito distante, com a queda das commodities, a China piorando e o Federal Reserve reduzindo o estímulo."

A alta complicou os esforços do Banco Central para controlar a inflação e atingiu várias companhias locais como a Petrobras , que aproveitaram os juros baixos no exterior nos últimos anos para se endividar em moeda estrangeira.

Ao mesmo tempo em que os investidores no Brasil foram perdendo a esperança em uma recuperação sólida da economia, o governo de Dilma Rousseff passou a enfrentar os maiores protestos de rua em décadas. A reeleição no ano que vem tem ficado cada vez mais complicada e a aprovação ao governo, que até pouco tempo estava em torno de recordes históricos, despencou no maior ritmo desde a época do ex-presidente Fernando Collor.

A desconfiança do mercado deixa o Brasil ainda mais vulnerável à retirada das políticas de estímulo econômico nos Estados Unidos, que durante anos alimentaram a queda do dólar.

"Tanto o mercado de trabalho quando o imobiliário (dos Estados Unidos) estão em uma trajetória sustentada de recuperação", disse Mario Mesquita, sócio do banco Brasil Plural e diretor do Banco Central até 2010. "O aperto monetário por lá pode acontecer mais rápido do que se espera."

O Fed deve começar a reduzir as compras mensais de títulos e ativos em setembro ou no quarto trimestre, de acordo com a maioria dos estrategistas de câmbio, economistas e investidores de renda fixa ouvidos pela Reuters nas últimas semanas.

O BC brasileiro admitiu os riscos criados pela maior volatilidade no mercado internacional, mas ainda tem uma perspectiva mais otimista para o fim do ano R$ 2,10, ante R$ 2,20 na pesquisa Reuters. Se o cenário de mercado se provar correto, o BC pode ter que subir os juros mais do que se espera.

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