segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A história da agência e dos políticos que vivem à custa do dinheiro público



COMO TUDO COMEÇA. "20 de dezembro de 2012 Cristina Ferreira, diretora-geral daquela agência de publicidade (Webrand), declinou um convite para elaborar uma campanha institucional para a Câmara de Gaia, alegando «inúmeros» afazeres profissionais, a empresária recomendou à autarquia uma pessoa de inteira confiança para o trabalho a filha. Maria Catarina Rocha teria 19 anos, vivia em casa da mãe e andava no segundo ano de Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras do Porto. O contrato com a duração de 90 dias a quase sete mil euros por mês foi assinado no início de Janeiro de 2013".
Este caso, agora descrito pela Visão, foi revelado em primeira mão aqui no Má Despesa em Março de 2013 e levou a Polícia Judiciária a abrir uma investigação. Em 2013, um leitor do Má Despesa já escrevia na caixa de comentários: "Investiguem a Webrand com pés e cabeça, é mesmo um caso de polícia." A teia entretanto descoberta foi apresentada na última edição da Visão. A revista fala em "faturas falsas que circulam entre as empresas, sobrefaturação, transferências bancárias em carrossel, comissões para intermediários, fuga ao fisco, etc", tudo à sombra de campanhas eleitorais e de trabalhos para empresas municipais tuteladas pelo PSD.

O QUE É A WEBRAND. Depois de muitos anos a trabalhar para o PSD e para autarquias, "à beira da insolvência, a agência solicitou um Plano Especial de Revitalização PER ao tribunal mas o processo está suspenso. O Ministério Público, a PJ e as Finanças estenderam investigações em curso às ligações empresariais da WB Yourprojects e Goodimpression Espanha suspeitas de vários crimes económicos e fiscais", escreve a Visão.

O QUE TÊM MARCO ANTÓNIO COSTA E AGOSTINHO BRANQUINHO A VER COM ISTO? À frente da Webrand está Cristina Ferreira, que é amiga de infância de Marco António Costa, secretário de Estado da Segurança Social, vice-presidente do PSD e ex-vice-presidente da Câmara de Gaia.
Lembra-se da notícia de, enquanto deputado, Agostinho Branquinho fez lobbying durante dois anos para conseguir abrir hospital privado? Branquinho foi secretário de Estado da Segurança Social, tendo sido depois substituído por Marco António Costa nesse cargo. Antes disso, esteve envolvido em vários negócios, incluindo uma agência de publicidade. "Ex-funcionários da NTM, empresa que formalmente pertenceu a Agostinho Branquinho até 2003, lembram-se dela (Cristina Ferreira) como «grande fornecedora» da agência de comunicação com destaque para as campanhas eleitorais sobretudo do PSD", escreve a Visão.

O QUE FEZ CRISTINA FERREIRA (E A SUA WEBRAND)? "Cristina fez campanhas eleitorais autárquicas de peso entre as quais as de Felgueiras, Porto, Matosinhos e Gondomar em 2005. As duas primeiras têm valores irrisórios mas as duas últimas custaram oficialmente mais de 335 mil euros. Uma soma parecida noutros concelhos não foi auditada à época. Houve também as intercalares de Lisboa em 2007, altura em que Fernando Negrão foi o candidato do PSD. Nessa altura já ela trabalhava em força para o PSD nacional", descreve a Visão. Entre esses trabalhos estão projectos para o então líder do PSD, Luís Filipe Menezes, sendo Marco António Costa director de campanha. "Cristina procedia à maquilhagem e ocultação do valores reais de custo. Nesta, como noutras eleições nacionais, ela daria ordens para despistar valores através de transferências bancárias. No esquema de pagamentos a serviços subcontratados terá sido utilizada a Goodimpression, uma empresa meramente instrumental nos negócios de Cristina, cujo administrador era o seu companheiro Renato Guerra, filho de um ex candidato a Paredes pelo PS. Os dois foram citados no acórdão do «saco azul» de Felgueiras", refere a Visão.

A PROMISCUIDADE PSD E EMPRESAS MUNICIPAIS DE GAIA. A descrição é da Visão: "A história da relação da Grafinvest, e depois da WeBrand com a Gaianima, foi ao nível da Champions League, apesar das frequentes irritações de Cristina com os atrasos nos pagamentos. Polidesportivo da Afurada, Corte Inglês, projeto Vila D´Este, Red Bull Air Race. Cristina estava lá concebendo imagens, dossiês, fornecendo outdoors, faturando lonas, cartazes, convites, chapéus, flyers, etc. Nos contactos e nas compras a outros fornecedores, tudo se misturava. Por vezes, Cristina manda buscar cheques do PSD à Gaianima, aprovam-se preços de bandeiras para Menezes em conversas com administradores, conciliando valores na contabilidade interna da Grafinvest."



5 comentários:

  1. Cada POLITICO cada gatuno.

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  2. Investiguem os concursos de Rui Marques Montagens eléctricas com varias câmaras PSD no Norte

    Os ajustes directos eram tantos que tiveram que criar 4 empresas para facturarem serviços nas áreas de electricidade e telecomunicações em quatro municípios do norte, Vila Nova de Gaia, Espinho, Póvoa do Varzim e Vila do Conde, cujos proprietários dessas empresas são a mesma pessoa, Rui Manuel dos Santos Marques.
    Empresas essas cujos nomes são, Rui Marques Montagens Elétricas, Marques SA, Nortwatt e Fotónica, tem como sede a mesma morada.
    Estas empresas em conjunto já arrecadaram em ajustes diretos com estes quatro municípios (PSD até ás ultimas autárquicas), mais de 7 milhões de euros.
    Não sei se será normal mas parece-me um pouco estranho as únicas empresas a prestarem este tipo de serviços serem todas da mesma pessoa.
    Desde já os meus cumprimentos e os meus parabéns pelo ótimo trabalho em divulgar a vergonha que tem sido a gestão dos recursos públicos deste nosso pais tão mal tratado!

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    1. Só falta falar na empresa de formação que provavelmente está em nome do filho... loool serve para limpar os fundos comunitários e parecendo que não fica sempre bem!

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