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Mello Franco: “velho patrimonialismo persiste. Agora fantasiado de nova política”

Jornalista Bernardo Mello Franco no Roda Viva. Foto: Reprodução/YouTube

A Coluna de Bernardo Mello Franco no Globo aborda o que é realmente a tal da “nova política” no governo Bolsonaro. “Jair Bolsonaro passou 28 anos no Congresso, mas se apresentou como outsider para chegar à Presidência. Na segunda-feira, ele ironizou os conselhos para reduzir a influência do filho Carlos nas decisões do governo. ‘Ah, o pitbull tá te atrapalhando. Atrapalhando em quê? Ele não me atrapalhou em nada. Eu acho até que ele deveria ter um cargo de ministro. Foi ele que me botou aqui’, afirmou”.

O jornalista desenvolve o raciocínio: “Autoproclamado filósofo, Olavo de Carvalho foi promovido de piada a eminência parda do governo. Em entrevista, ele deu uma sugestão mais ousada a Bolsonaro. Disse que ele deveria dar um ministério para cada filho, incluindo na mamata o Zero Um e o Zero Três. ‘Olha que ele segue o seu conselho, hein?’, provocou o jornalista Pedro Bial. ‘Tomara que siga!’, respondeu o guru do bolsonarismo”.

E finaliza: “A confusão entre público e privado é um traço antigo das autoridades brasileiras. ‘É possível acompanhar, ao longo da nossa história, o predomínio constante das vontades particulares’, escreveu Sérgio Buarque de Holanda em ‘Raízes do Brasil’. Em 1936, ele condenava a visão do Estado como uma extensão dos círculos familiares. Depois de oito décadas, o velho patrimonialismo persiste. Agora fantasiado de nova política”.