• 28/11/2015
  • Por Luciano Sessa e Studio Arthur Casas
Atualizado em
Low Line Park  (Foto: Divulgação )

Perspectiva Interna da requalificação da antiga estação de Delancey, que será transformada no parque subterrâneo. Fonte: http://www.thelowline.org

Desde o final do século 19, com o apogeu da Revolução Industrial, as cidades vêm se transformando ostensivamente. A tradicional praça, os largos, as ruas e as calçadas já não despertam o interesse do convívio social. Caminhar, observar e imaginar, atividades urbanas do flâneur, segundo a lógica clássica de Baudelaire, deixaram de representar a ideologia da sociedade moderna pós-Revolução Industrial, dando inicio a um processo de abandono do espaço publico, voltando-se exclusivamente para o espaço interno, privado. A cidade se interioriza e, o espaço público, entra em decadência. 

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Em oposição ao declínio do ambiente urbano, e inspirados pelo bem-sucedido High Line Park, inaugurado na cidade de Nova York no início de 2009, os arquitetos James Ramsey e Dan Barasch, do escritório Raad Studio, decidiram transformar uma antiga e gigantesca área abandonada, sob a rua Delancey, no Lower East Side, em Manhattan, em um parque subterrâneo.

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Low Line Park  (Foto: Divulgação )

Esquema de funcionamento dos coletores externos e dos refletores internos. Fonte: http://www.thelowline.org

Desativado desde 1948, o local é um antigo terminal de bondes de 6 mil m² e 7 metros de altura, propriedade da Metropolitan Transportation Authority. Embora seus criadores chamem o projeto de Delancey Underground Park, ele já é conhecido como Low Line Park, em homenagem á seu irmão nova-iorquino.

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Low Line Park  (Foto: Divulgação )

Protótipo real, implantado no local e aberto á visitações. Fonte: http://www.thelowline.org


Percebendo a potência deste ‘’sítio arqueológico’’ subterrâneo da zona periférica da ilha de Manhattan e utilizando a fibra ótica como ponto de partida de uma ideia já enormemente promissora, os arquitetos propõem um modelo capaz de trazer a luz natural da superfície da terra para baixo dela. 

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“É um pouco perverso, um pouco como ficção científica, mas percebemos que temos a tecnologia necessária para crescer grama e árvores subterrâneas,” disse Ramsey, referindo-se à tecnologia que eles chamam de “claraboia à distância”. 

Low Line Park  (Foto: Divulgação )

Delancey Street – Lower East Side, New York City. Fonte: http://www.thelowline.org

Coletores instalados na superfície, através de cabos de fibra ótica, conduzirão a luz solar até o subterrâneo, onde grandes painéis refletores localizados no teto do antigo terminal irão distribuir homogeneamente a luz solar. Em dias nublados, luz artificial será utilizada para alcançar a luminosidade necessária para manter a vegetação em condições ideais embaixo da terra. 

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O Low-Line Underground Park representa a essência do novo traçado urbano, onde a necessidade de reinventar as cidades, aliada à imaginabilidade da tecnologia, estimula o uso mais criativo do espaço público, proporcionando soluções extraordinárias.

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A obra está no cerne de um debate global mais amplo sobre o potencial da infraestrutura urbana residual e a necessidade das metrópoles contemporâneas de reciclar e reinventar o tecido urbano, consagrando este como o grande desafio do espaço público, nas cidades do século 21. 

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Low Line Park  (Foto: Divulgação )

Contraste entre o antes e o depois proposto