Sudão do Sul: não há vida sem água

01 outubro 2015
Sudão do Sul: não há vida sem água
Sudão do Sul. Crianças buscam água em um ponto de distribuição do CICV em Juba. CC BY-NC-ND /CICV / Yamila Castro / ss-e-00743

A cólera mata. Mais de 1,7 mil casos – incluindo 46 mortes – foram identificados desde junho deste ano no Sudão do Sul, sendo a capital Juba e Bor, no Estado de Jonglei, as cidades mais afetadas. O CICV, um dos principais atores na resposta à crise, está melhorando as redes de água e saneamento nessas comunidades e está desenvolvendo capacidade local para que os moradores possam ter mais acesso à água potável.

Neste breve vídeo, o engenheiro hidráulico do CICV explica como a organização distribui 700 mil litros de água por dia para a população de Juba, Sudão do Sul.

 

Referência CICV: ss-e-00742

"Se não há água, não há vida", diz Victoria Amani, uma moradora dos subúrbios de Juba. Ela sabe. Todos os dias, caminha até o ponto de distribuição temporário instalado pelo CICV para conter a propagação da cólera. Victoria enche os galões de 20 litros com água e os carrega de volta para casa para uso seu e da sua família, que vive em Jebel Yesua em Guselle II. "Antes, dependíamos dos caminhões pipa que vinham vender água. Algumas vezes não vinham e ficávamos sem nada", conta a jovem de 23 anos.

"Agora é muito melhor. É uma caminhada de 10 minutos da minha casa e a água é grátis".

Como os quase 50 mil moradores de Juba, Victoria se beneficia da infraestrutura hidráulica que o CICV instalou nas áreas mais afetadas da capital, como Gudele, Gurei e Munuki. O projeto inclui a administração temporária de uma estação de tratamento nas margens do Rio Nilo que fornece atualmente 700 mil litros diários de água potável.

Do mesmo modo, no vilarejo de Bor, o CICV instalou pontos de distribuição de emergência que beneficiam mais de 7,5 mil pessoas que doutra maneira estariam buscando água no Nilo ou enfrentando uma fila por longas horas nas poucas bombas manuais em funcionamento no lugar. "É ótimo termos água agora. Antes tínhamos que caminhar longas distâncias até a bomba mais próxima", explica Amam Lul, mãe de cinco filhos que precisa encher 11 galões por dia.

Referência do CICV: ss-e-00728

"No Suão do Sul, onde existe pouca infraestrutura adaptada, o acesso à água nas áreas urbanas é muito difícil. O atual surto de cólera afetou as áreas densamente povadas como Juba e Bor porque os sistemas vigentes não têm a capacidade de cobrir as necessidades de uma população urbana em contínuo crescimento – uma situação exarcebada pelo conflito", conta o coordenador do CICV das atividades de água e habitat no Sudão do Sul Alexandre Farine.

Para responder ao surto de cólera, o CICV trabalha em estreita parceria com a Cruz Vermelha do Sudão do Sul, cujos voluntários realizam campanhas de conscientização para prevenir que a população beba água não tratada. Os voluntários também estão presentes nos pontos de distribuição em Juba e Bor para assegurar que o abastecimento de água seja feito de maneira tranquila e que os reservatórios sejam completados diariamente.

Em vários lugares em todo o país, o CICV também fornece acesso à água constante e por longos períodos. Por exemplo, em 2012, em Akobo, Estado de Jonglei, foram construídas três estações com mais de 350 paineis solares, permitindo o acesso à grande parcela da população, incluindo o hospital e a escola. Desde 2014, mais de 40 redes mecanizadas, incluindo bombas a energia solar, foram instaladas pelo CICV no Sudão do Sul.

Referência do CICV: ss-e-00734

Além da resposta à cólera, o CICV auxilia a Companhia de Água Urbana do Sudão do Sul a fortalecer a sua capacidade e alcançar uma população ainda maior. Em Bor, o CICV consertou redes de abastecimento de água que foram severamente danificadas durante os combates, fornecendo à companhia o equipamento necessário para começar a operar o sistema novamente em benefício de 60% da população. Em Juba, a organização doou e instalou um novo gerador na estação de tratamento de água. Isso permitiu que as autoridades duplicassem a capacidade de fornecimento e ampliassem o acesso à água para 100 mil pessoas.

Todas fotos: CC BY-NC-ND /CICV / Yamila Castro