Anna Zielinska/iStock

O otimismo do brasileiro não é mais o mesmo. Mas até o pessimismo tem um lado bom: com maior estresse, os consumidores estão em busca de indulgências e diversão, além de produtos mais práticos. De acordo com a Kantar Worldpanel, que fez uma análise do comportamento de consumo dos brasileiros nos últimos anos baseada em diversos estudos elaborados pela empresa, em 2016, apenas 32% dos entrevistados fizeram uma avaliação positiva da situação econômica do país em comparação ao ano anterior. Em 2011, o índice era de 80%. Quando o questionamento é sobre a situação pessoal, também houve queda no otimismo. Em 2016, 67% veem com bons olhos a própria situação econômica em comparação a 2015. Em 2011, eles eram 86%.

O Brasil também está se tornando um país mais estressado. Enquanto, globalmente, 46% concordam com a afirmação “eu sofro com o estresse atualmente”, aqui são 49% que afirmas ser a frase verdadeira para eles. Como uma das consequências, também aumenta, ano a ano, o número de pessoas que procuram simplificar a vida. Enquanto no mundo, 70% concordam com esta afirmação, no Brasil, são 83%, liderando o índice em comparação aos outros 17 países respondentes.

Uma oportunidade que deve ser observada pelas marcas é a maior procura por produtos práticos, prontos e semiprontos. Nos últimos dez anos, 15 milhões de lares entraram em categorias como suco, molho, prato congelado e bolo prontos.

Outra tendência é a busca maior por indulgência e diversão. O país também tem o maior índice de entrevistados que estão sempre buscando novas experiências e sensações para animar as atividades diárias. São 73% dos que responderam, ante 56% na média global.

Nos últimos cinco anos, 3,5 milhões de lares passaram a gastar com lazer e viagens e 10 milhões de pessoas incluíram em sua lista de compras chocolates do tipo snack e barra recheada.

A penetração é um termômetro do crescimento das marcas. Das marcas que tiveram ascensão, 81% cresceram em penetração; das que tiveram retração, 76% perderam em penetração.

Outra chance para as empresas verificada pela Kantar Worldpanel é que, mesmo nas categorias em que há boa penetração, existe espaço para crescer em diferentes momentos de compra. Por exemplo, 98% dos entrevistados compram refrigerante todo ano; 69%, mensalmente; e 29%, semanalmente, ou seja, há espaço para aumentar a frequência de consumo na categoria que já tem uma ótima penetração.

De acordo com a Kantar Worlpanel, o Brasil tem investido mais em inovação. Em 2014, o percentual de inovação em produtos da cesta era de 2,7%. No ano seguinte, o índice subiu para 5,3%. O Brasil é o país que mais inova em personal care (31%), à frente de México (30%) e Indonésia (29%). No entanto, as empresas brasileiras mantêm a tendência mundial de investir mais em inovação na categoria de comida (38%). No Reino Unido, a categoria responde por 70% da inovação; na Espanha, por 55%.

O resultado da análise dos estudos da Kantar Worldpanel também mostrou que, por conta da crise, os brasileiros reduziram as idas ao PDV. A frequência trimestral era de 25 vezes no primeiro trimestre de 2013, passando a 21,1 vezes, no segundo trimestre deste ano.

Quando o assunto é consumo de comida fora de casa, o consumidor está disposto a gastar mais para satisfazer suas vontades. O tíquete médio é de R$ 42,39 quando o jantar é fora de casa por necessidade, e de R$ 47,83, quando por vontade.