17/07/2016 17h25 - Atualizado em 17/07/2016 19h09

Estudante é presa suspeita de racismo durante 'pelada' em Goiânia

Jovem de 21 anos diz que foi chamado de 'preto' e 'macaco' ao longo do jogo.
De acordo com o delegado, suspeita deve ser autuada por injúria racial.

Murillo VelascoDo G1 GO

Tiago Henrique, 21, diz que se sentiu ofendido com termos, em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Tiago Henrique, 21, diz que se sentiu ofendido com termos que ouviu (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Uma estudante foi presa neste domingo (17) suspeita de insultar um jogador durante uma partida de futebol amador, em Goiânia. Segundo a polícia, Tiago Henrique Ferreira Tavares, de 21 anos, alega que todas as vezes em que ele chutava a bola, a torcedora o chamava de “preto” e “macaco”. Ao final da jogo, a polícia foi acionada e todos foram encaminhados para Central de Flagrantes da Polícia Civil.

De acordo com o delegado Fernando Gili, a jovem foi autuada por injúria racial. “Ela está sendo acusada de injúria racial, ela nega, diz que não fez nada, que não disse nada. Conta que foi uma rixa entre rivalidades de times durante a 'pelada' e que os jogadores do time adversário estão querendo prejudicá-la. Já a vítima alega que autora o chamou de preto, de macaco, e que ele, por se sentir injuriado resolveu procurar a polícia”, afirmou ao G1.

O caso aconteceu em um campo do Parque Amazônia, na capital. A suspeita estava na torcida do “Tá Teno”, time que ganhou o jogo. Já Tiago Henrique era jogador do Juventus de Aparecida de Goiânia, que foi eliminado após a derrota.

Ele afirmou ao G1 que várias pessoas presenciaram a cena de racismo e que ele se sentiu “profundamente ofendido”.

“Ela ficava me ofendendo toda hora que eu pegava na bola, me chamando, além de ‘preto’ e de ‘macaco’, por vários outros termos que eu nem quero citar. Tinha muita gente e todos viram que ela ficava me xingando. Até que o organizador do campeonato chamou a polícia e nós viemos todos para a delegacia”, contou.

O corretor de imóveis Marllon Cézar de Almeida, de 27 anos, prestou depoimento como testemunha. Ele, que também jogou na partida, confirma que viu a torcedora agredir verbalmente o colega.

“Eu ouvi e vi ela dizendo várias coisas pesadas ao longo do jogo. O Tiago quis ir em frente com isso para acabar com isso em nosso país, que não faz sentido xingamento. Estávamos na semifinal de um campeonato, a gente fica apreensivo, mas nada justifica isso”, afirmou o corretor.

Segundo a Polícia Civil, a jovem deve ser liberada após pagar uma fiança de R$ 880. “Vai ser lavrado um flagrante por injúria racial. Como ela não tem antecedentes criminais, a fiança deve ser afixada no valor mínimo”, disse o delegado.

Ameaça
De acordo com o Gili, um homem também prestou queixa contra Tiago alegando que foi ameaçado por ele. “Uma pessoa prestou queixa contra a vítima também, alegando que foi ameaçado pelo Tiago. Segundo o denunciante, o Tiago teria dito que no dia do próximo jogo ‘ele ia o pegar’. Até então, o Tiago não foi ouvido formalmente, mas vamos apurar tudo isso”, afirmou.

O jogador nega que tenha ameaçado alguém. Ele reconhece que durante o jogo tanto pessoas do time dele, quanto do adversário, discutiram. No entanto, ele alega que tudo estava dentro do “clima de competição” e dentro de campo.

“Não teve nada disto. Nós nem jogamos mais com eles mais, estamos eliminados, não tinha nem porque essa suposta ameaça. Dentro de campo de fato teve discussão e isso a gente relevou, porque o que acontece dentro do campo fica em campo. Mas essa parte de racismo, me ofendeu até mesmo fora de campo, aí não tive como relevar não, isso é crime”, disse.

O delegado afirmou que está ouvindo todas as testemunhas para que possa tomar as providências cabíveis.

Jogadores e testemunhas foram encaminhados à Polícia Civil, em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Jogadores e testemunhas foram encaminhados à Polícia Civil (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

 

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