Rústico
Casa dos sonhos tem fachada com tijolos, gramado e piscina em 113 m²
Madeira de demolição, tijolos à vista, garimpos de obras e acabamentos rústicos transformaram uma edícula inutilizada, em Cotia, SP, na casa dos sonhos da nova moradora. O projeto de 113 m² é da arquiteta Kita Flórido
3 min de leituraHá quase 10 anos, a empresária Paula Gomes deixou a rotina atribulada da capital paulista em busca de sossego e de maior contato com a natureza. Decidiu morar em uma casa de 850 m² na Granja Viana, em Cotia, na região da Grande São Paulo. Com o tempo, Paula percebeu que um imóvel enorme não era exatamente o que ela queria. “A grandiosidade passou a me incomodar. Além de demandar muita manutenção e gastos exagerados, comecei a ficar com medo de viver sozinha em uma casa daquele tamanho”, conta a empresária.
A ajuda para descobrir como seria sua morada ideal veio por meio de um projeto publicado em Casa e Jardim. Em 2010, Paula comprou a edição de fevereiro e se encantou pela casa da arquiteta Kita Flórido. “Peguei o telefone e liguei na mesma hora. Me apaixonei pelo projeto dela! Chamei a Kita para reformar uma das minhas pizzarias e ficamos quase dois anos conversando sobre como seria a minha futura casa. Pensamos em todos os detalhes, até nos locais onde iriam ficar as tomadas”, lembra a moradora.
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O primeiro passo delas foi encontrar um bom lugar. “Eu queria continuar na Granja Viana e buscava um imóvel pequeno. Optei em comprar a parte dos fundos do terreno de uma amiga de infância, onde havia uma edícula que ela não usava mais”, recorda Paula. Nas mãos de Kita, a área foi ampliada e ganhou um segundo andar. A reforma durou pouco tempo – apenas quatro meses – e privilegiou o uso de peças e materiais de demolição, como os tijolos colocados na fachada, as portas do lavabo e da área de serviço, as vigas de peroba da escada e o gancho que faz as vezes de maçaneta na porta do terraço.
“Eu moro bem perto daqui, então, toda manhã nós nos encontrávamos na obra. Esse ritual foi ótimo porque muita coisa é definida em cima da hora quando se está usando materiais reaproveitados. É um processo de criação espontânea”, explica a arquiteta.
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Durante as conversas diárias, os garimpos iam adquirindo novas funções. “Quando estávamos quase finalizando a reforma e o dinheiro já estava curto, eu olhei para uma pilha de madeira com as sobras da obra e comecei a separar aquilo que dava para reutilizar. Os momentos sem verba são os melhores porque exigem que você use toda sua criatividade”, afirma Kita. Antes de reaproveitar o material, a arquiteta aplicou descupinizante e impermeabilizante nas tábuas. Em seguida, ela transformou essas sobras de madeira nos armários do quarto e da cozinha.
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Com poucas paredes, linhas simples e estilo rústico, a casa de 113 m² tem os ambientes totalmente integrados. Do térreo, onde estão a sala e a cozinha, é possível ver a suíte, no mezanino. No lugar do guarda-corpo, Kita instalou um móvel baixo de madeira. Na separação do quarto e do banheiro outra boa solução encontrada pela dupla arquiteta e moradora: uma colcha, presa com mosquetões de alpinismo, corre em um cabo de aço igual a uma cortina. “Acho ótimo ter uma casa compacta e poder olhar para tudo o que eu gosto sem muito esforço. Não cabem muitos móveis, mas essa é a graça. Além disso, ela é extremamente confortável”, afirma Paula.
Para os momentos de relaxamento, a moradora conta com um ofurô, que ocupa boa parte do espaçoso banheiro. No pavimento superior, há ainda dois terraços, ambos com vista para a copa das árvores.
Outros trunfos do projeto são a iluminação e a ventilação naturais que entram em abundância em todos os ambientes graças às grandes aberturas com vidro criadas pela arquiteta. “Desenhei a porta de entrada pivotante para quebrar um pouco a rigidez da fachada repleta de janelões, que trazem bastante luz solar para dentro da casa e funcionam como um longo balcão de apoio para a cozinha”, explica Kita.
Os raios de sol também penetram por vários painéis de vidros fixos que fecham as laterais das tesouras do telhado. Embora as texturas dos materiais rústicos imperem, as cores intensas entram em algumas paredes e nos detalhes. A vermelha, que está na moldura da porta e das janelas, na estrutura interna do telhado e nas calhas, foi escolhida a partir do fogão de estilo retrô, que Paula ganhou de presente para sua casa nova.