• Texto Stéphanie Durante | Repórter de imagem Juliana Pikel | Realização Nuria Uliana | Fotos Edu Castello
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colcha de retalhos (Foto: Edu Castello)

O grande caixilho de madeira com vidro quebra a rigidez dos tijolos de demolição, da Construverde. A porta pivotante e as janelas, que servem de apoio para a cozinha, foram desenhadas pela arquiteta e executadas pela Galpão Demolições. No alto à esquerda, o terraço do banheiro fica no recorte do telhado de uma água com telhas mescladas (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

Há quase 10 anos, a empresária Paula Gomes deixou a rotina atribulada da capital paulista em busca de sossego e de maior contato com a natureza. Decidiu morar em uma casa de 850 m² na Granja Viana, em Cotia, na região da Grande São Paulo. Com o tempo, Paula percebeu que um imóvel enorme não era exatamente o que ela queria. “A grandiosidade passou a me incomodar. Além de demandar muita manutenção e gastos exagerados, comecei a ficar com medo de viver sozinha em uma casa daquele tamanho”, conta a empresária.

A ajuda para descobrir como seria sua morada ideal veio por meio de um projeto publicado em Casa e Jardim. Em 2010, Paula comprou a edição de fevereiro e se encantou pela casa da arquiteta Kita Flórido. “Peguei o telefone e liguei na mesma hora. Me apaixonei pelo projeto dela! Chamei a Kita para reformar uma das minhas pizzarias e ficamos quase dois anos conversando sobre como seria a minha futura casa. Pensamos em todos os detalhes, até nos locais onde iriam ficar as tomadas”, lembra a moradora.

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colcha de retalhos (Foto: Edu Castello)

O segundo terraço, no pavimento superior, fica em cima do lavabo e tem vista para a outra casa do terreno. Entre os dois imóveis, há a área de lazer comum com piscina e churrasqueira (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

O primeiro passo delas foi encontrar um bom lugar. “Eu queria continuar na Granja Viana e buscava um imóvel pequeno. Optei em comprar a parte dos fundos do terreno de uma amiga de infância, onde havia uma edícula que ela não usava mais”, recorda Paula. Nas mãos de Kita, a área foi ampliada e ganhou um segundo andar. A reforma durou pouco tempo – apenas quatro meses – e privilegiou o uso de peças e materiais de demolição, como os tijolos colocados na fachada, as portas do lavabo e da área de serviço, as vigas de peroba da escada e o gancho que faz as vezes de maçaneta na porta do terraço.

“Eu moro bem perto daqui, então, toda manhã nós nos encontrávamos na obra. Esse ritual foi ótimo porque muita coisa é definida em cima da hora quando se está usando materiais reaproveitados. É um processo de criação espontânea”, explica a arquiteta.

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colcha de retalhos (Foto: Edu Castello)

Para unificar o espaço, a sala e a cozinha receberam o mesmo piso de placas Paris no tom canela, da Castelatto, comprados na Armazém da Cerâmica. A viga do telhado, que possui estrutura de madeira maçaramduba, foi pintada de vermelho, assim como a moldura da porta pivotante. Sobre a mesa, vasos da Dom Mascate. Sofá, da Depósito Santa Fé (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

Durante as conversas diárias, os garimpos iam adquirindo novas funções. “Quando estávamos quase finalizando a reforma e o dinheiro já estava curto, eu olhei para uma pilha de madeira com as sobras da obra e comecei a separar aquilo que dava para reutilizar. Os momentos sem verba são os melhores porque exigem que você use toda sua criatividade”, afirma Kita. Antes de reaproveitar o material, a arquiteta aplicou descupinizante e impermeabilizante nas tábuas. Em seguida, ela transformou essas sobras de madeira nos armários do quarto e da cozinha.

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colcha de retalhos (Foto: Edu Castello)

Os vidros fixos, que fecham as tesouras do telhado, deixam penetrar mais luz natural no ambiente. A moradora está próxima ao fogão que definiu a cor dos acabamentos da fachada e dos detalhes nos interiores. Na parede revestida de Tecnocimento, da NS Brazil, prateleira com latas da Depósito Santa Fé (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

Com poucas paredes, linhas simples e estilo rústico, a casa de 113 m² tem os ambientes totalmente integrados. Do térreo, onde estão a sala e a cozinha, é possível ver a suíte, no mezanino. No lugar do guarda-corpo, Kita instalou um móvel baixo de madeira. Na separação do quarto e do banheiro outra boa solução encontrada pela dupla arquiteta e moradora: uma colcha, presa com mosquetões de alpinismo, corre em um cabo de aço igual a uma cortina. “Acho ótimo ter uma casa compacta e poder olhar para tudo o que eu gosto sem muito esforço. Não cabem muitos móveis, mas essa é a graça. Além disso, ela é extremamente confortável”, afirma Paula.

Para os momentos de relaxamento, a moradora conta com um ofurô, que ocupa boa parte do espaçoso banheiro. No pavimento superior, há ainda dois terraços, ambos com vista para a copa das árvores.

colcha de retalhos (Foto: Edu Castello)

A cor amarela predomina no ambiente no qual se destaca a porta que estava abandonada na antiga edícula. Depois de tratar a madeira, Kita passou uma demão de tinta e a usou para fechar a área de serviço. No sofá, almofadas da Tamtum. O tom vibrante reveste a parede em torno da lareira. Tapete da Ishela, e pufe de palha, da Dom Mascate. Na foto à dir., a porta do lavabo foi resgatada da antiga edícula e repaginada (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

Outros trunfos do projeto são a iluminação e a ventilação naturais que entram em abundância em todos os ambientes graças às grandes aberturas com vidro criadas pela arquiteta. “Desenhei a porta de entrada pivotante para quebrar um pouco a rigidez da fachada repleta de janelões, que trazem bastante luz solar para dentro da casa e funcionam como um longo balcão de apoio para a cozinha”, explica Kita.

Os raios de sol também penetram por vários painéis de vidros fixos que fecham as laterais das tesouras do telhado. Embora as texturas dos materiais rústicos imperem, as cores intensas entram em algumas paredes e nos detalhes. A vermelha, que está na moldura da porta e das janelas, na estrutura interna do telhado e nas calhas, foi escolhida a partir do fogão de estilo retrô, que Paula ganhou de presente para sua casa nova.

colcha de retalhos (Foto: Edu Castello)

A estrutura e os degraus, feitos de vigas de peroba, da Construverde, ganharam a companhia do corrimão reaproveitado de uma das pizzarias da moradora. Na foto seguinte, pregos garimpados em obras da arquiteta viraram ganchos na parede (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

colcha de retalhos (Foto: Edu Castello)

A suíte da moradora fica no mezanino e possui assoalho de madeira de demolição e móvel baixo que substitui o guarda-corpo. Para dar privacidade ao banheiro, Paula usou uma colcha presa com mosquetões de alpinismo. Roupa de cama e tolha, da Casa Almeida (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

colcha de retalhos (Foto: Edu Castello)

O gancho, também reaproveitado na reforma, serve de tranca e maçaneta na porta para um dos terraços. O armário, ao lado da cama, foi feito com sobras de madeiras utilizadas na obra. Abajur, da Bertolucci (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

colcha de retalhos (Foto: Edu Castello)

O piso, a bancada da pia e as paredes do boxe têm acabamento de Tecnocimento, da NS Brazil. O ofurô fica junto à janela e à portapara o terraço, que é revestido de plauqetas de tijolo, da Olaria do Tuca. A passadeira e a rede são da Depósito Kariri (Foto: Edu Castello/Editora Globo)