Ajuda às mães para melhorar a nutrição infantil na Somália

17 julho 2015
Ajuda às mães para melhorar a nutrição infantil na Somália
Somália. Maryan* e seu bebê na enfermaria do Centro de Estabilização de Baidoa. CC BY-NC-ND / CICV

A Somália foi devastada por décadas de conflitos armados que acabaram com os meios de subsistência e desfizeram o tecido social. Ocorrências sazonais de secas e enchentes agravam a crise ao criarem uma escassez aguda de alimentos em distintas regiões do país. As crianças, especialmente aquelas com menos de cinco anos de idade, são suscetíveis à dieta inadequada decorrente e às doenças associadas; se não for freada, a desnutrição pode ser fatal.

*Maryan, de 23 anos, trouxe seu bebê de nove meses para o Hospital Regional de Baidoa. O bebê parece fraco e está sonolento aninhado em seus braços.

"Ele está doente há tempos. Fui a várias clínicas, mas nada parece dar certo. Agora ele foi internado aqui no hospital, rezo pela sua recuperação".

No Centro de Estabilização da Nutrição do Hospital Regional de Baidoa, o bebê de Maryan receberá rações diárias suplementares de alimentação e será tratado de qualquer doença relacionada. Ele permanecerá neste programa até alcançar o peso ideal.

A organização se comprometeu a apoiar o programa de alimentação terapêutica de pacientes do Hospital de Kismayo (Centro de Estabilização) depois da partida prematura dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) da Somália em agosto de 2013. O CICV criou um programa similar no Hospital Regional de Baidoa em maio de 2015.

A desnutrição é um problema generalizado entre as crianças somalianas. As principais causas são a falta de alimentos e equívocos popularmente aceitos sobre as práticas de alimentação.

Maryan deixou de amamentar e não está disposta a retomar isso. Existe uma probabilidade de ela estar grávida e teme que amamentar o bebê machuque o outro que ainda está na barriga.

"Faltam conhecimentos sobre as necessidades nutricionais das crianças. É importante que o programa trabalhe com as mães e os cuidadores para incentivar as práticas de alimentação adequadas", afirma Kristy Manners, delegada do CICV responsável pelo programa de nutrição.

Maryan e seu bebê na enfermaria do Centro de Estabilização de Baidoa. CC BY-NC-ND / CICV

No centro, Maryan será assessorada sobre hábitos adequados de alimentação e a importância do leite materno para a saúde do seu bebê. Seu caso ressalta a necessidade de um programa para pacientes onde a mãe interatue regularmente com os profissionais de nutrição enquanto o bebê se recupera.

O Centro de Estabilização do Hospital de Baidoa oferece três refeições diárias para as mães e cuidadores durante o período de recuperação da criança.

O número de pacientes que visitam o centro se triplicou desde que virou completamente operacional. Isto é atribuído à abordagem holística adotada pelo programa para apoiar a criança e a mãe ou cuidador.

Segundo organizações internacionais, quase 200.000 crianças na Somália estão desnutridas, das quais perto de 38.000 sofrem de desnutrição aguda e precisam urgentemente de alimentação terapêutica e tratamento de saúde. Apesar de insuficientes por conta própria, os dois centros mencionados fornecem um local fundamental para prestar esta assistência vital nas regiões sul e centro da Somália.

*Nome fictício

Está na hora do almoço e a cozinha no Centro de Estabilização de Baidoa está ocupada servindo refeições a mães e cuidadores. CC BY-NC-ND / CICV