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Para Brasília, caso está superado

Ministro Edinho Silva diz que os EUA já "reconheceram seus erros"

Antonio Jiménez Barca
Dilma e Obama na Casa Branca.
Dilma e Obama na Casa Branca.KEVIN LAMARQUE (REUTERS)

A Agência Nacional de Segurança (NSA, em sua sigla em inglês) grampeou em 2011 os telefones de até 29 altos membros do Governo do primeiro mandato de Dilma Rousseff. Edward Snowden, o antigo técnico da agência, já havia revelado em 2013 que os EUA espionavam a presidenta, o que acarretou em um incidente diplomático de primeira grandeza e, como consequência, no cancelamento fulminante da visita que a presidenta planejava realizar aos EUA naquele ano. Agora, apenas dois dias depois de a presidenta ter visitado, finalmente, a Casa Branca –e ela e Barack Obama terem feito as pazes e, aparentemente deixado para trás o incidente-, o Wikileaks divulga mais dados sobre o assunto que deixam claro que não apenas o telefone de Dilma foi interceptado.

Entre os 29 altos cargos com os telefones interceptados estão o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci e o atual ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que em 2011 era secretário-executivo do Ministério da Fazenda. A NSA monitorou também vários telefones de altos membros desse ministério, assim como outros relacionados às pastas de Defesa e Meio Ambiente.

Não só isso: a NSA tinha sob vigilância vários telefones fixos dos gabinetes de Dilma em Brasília, vários celulares e até o número do assistente pessoal da presidenta, Anderson Dornelles, que era, entre outras coisas, o responsável por administrar os vários aparelhos telefônicos de Dilma.

Nem mesmo quando voava a bordo do Airbus da Força Aérea, o avião presidencial, a presidente estava livre das escutas quando falava ao telefone. As revelações deixam claro que inclusive o telefone da aeronave estava grampeado.

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A julgar pelas pessoas escolhidas, os norte-americanos tinham várias prioridades com relação ao Brasil: os assuntos econômicos, os diplomáticos e os relacionados com o meio ambiente.

A revelação bombástica foi feita apenas três dias depois de Dilma terminar uma visita aos EUA que foi marcada, em especial, pela espionagem a seu telefone e pelo desejo, aparentemente de ambas as partes, de virar a página e superar as tensões diplomáticas.

A viagem aos EUA da presidenta, voltada principalmente em buscar investidores norte-americanos que ajudem a recuperar a combalida economia brasileira, aconteceu entre domingo e quarta e teve três etapas: Nova York, Washington e San Francisco. Na capital norte-americana, na Casa Branca, foi onde ocorreu, aparentemente, a paz entre Dilma e Obama sobre o assunto do telefone grampeado. A presidenta do Brasil afirmou, em resposta a uma pergunta dos jornalistas questionando se confiava no Governo norte-americano: “Eu tenho certeza de que se o presidente Obama quiser ter alguma informação que julgar importante sobre o Brasil, agora vai me ligar diretamente”.

As revelações deste sábado não devem mudar o clima que marcou o encerramento da visita, a julgar pelo que afirma o porta-voz do Governo brasileiro, ministro Edinho Silva: “O Governo norte-americano reconheceu seus erros e assumiu o compromisso de mudar de tática. Para nós, o episódio está superado”.

É revelador que um dos acordos mais destacados desse encontro entre Dilma e Obama tenha sido sobre o meio ambiente e os compromissos de cada país para frear o efeito estufa, um dos assuntos que os EUA espionaram quando tinham grampos nos telefones dos altos membros do governo brasileiro.

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