15/04/2015 17h30 - Atualizado em 15/04/2015 19h32

Inflação deve somar 8,2% em 2015 e estourar teto da meta, prevê governo

Projeto da LDO, enviado ao Congresso, prevê IPCA de 5,6% ano que vem.
Governo vê contração de 0,9% no PIB em 2015 e alta de 1,3% em 2016.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

 

O governo admitiu oficialmente, por meio do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2016, que a inflação deve somar 8,2% neste ano e, com isso, estourar o teto do sistema de metas de inflação brasileiro. O Banco Central, responsável pelo controle da inflação, já havia estimado uma inflação próxima de 8% neste ano.

O projeto de LDO prevê também que o Produto Interno Bruto (PIB) deverá registrar uma retração de 0,9% em 2015.  Ao mesmo tempo, estima uma alta de 1,3% para o PIB em 2016.

"No próprio relatório de inflação [do Banco Central, divulgado em março], as projeções para 2015 indicam inflação acima do teto da meta. O número do Banco Central é de 7,9% [neste ano]. Nosso cenário é mais um dos diversos cenários adotados na economia. Acho importante colocar que as expectativas de inflação para 2015 subiram, mais altas, acima do teto, mas para 2016, 2017 e 2018 caíram em relação ao fim do ano passado. Alta no curto prazo e queda no médio prazo", declarou o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.

Em 2016, por sua vez, o governo está prevendo que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, some 5,6%, atingindo o centro da meta de inflação, de 4,5%, somente em 2017.

A última previsão do BC para a inflação de 2016, divulgada no fim de março, é de 4,9%.

Para o mercado financeiro, o IPCA deverá somar 8,13% neste ano e 5,6% no ano que vem.

Última vez acima do teto foi em 2003
A última vez em que a inflação ficou acima do teto do sistema de metas de inflação foi em 2003, ou seja, há mais de dez anos, e o documento foi assinado pelo então presidente da autoridade monetária, Henrique Meirelles.

Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é de 4,5%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.

VARIAÇÃO ANUAL DO IPCA
Em %
 
Fonte: IBGE e LDO

Quando a inflação fica mais alta do que o teto de 6,5% do sistema de metas brasileiro, o presidente do Banco Central precisa escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando as razões que motivaram o "estouro" da meta formal.

Inflação de 5,6% em 2016
A previsão de 5,6% para o IPCA do ano que vem está acima do objetivo do Banco Central - que é de atingir o centro da meta de 4,5% no ano que vem. Nesta terça-feira (14), durante evento em São Paulo, o presidente do BC, Alexandre Tombini, reafirmou esse objetivo da autoridade monetária.

“Faz-se necessário manter a política monetária [definição dos juros para conter as pressões inflacionárias] vigilante. Só assim conseguiremos alcançar um dos pilares do regime de metas para inflação, que é ancorar expectativas e assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% em dezembro de 2016, cujos benefícios deverão se estender para além do próximo ano”, disse Tombini na ocasião.

Segundo o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, apesar de a previsão do governo para a inflação de 2016 estar em 5,6% não signfica que o governo não acredita no atingimento da meta central de 4,5% no próximo ano.

"A gente tomou uma decisão no ano passado, com apoio do Tombini, de trabalhar com cenário próximo do mercado. Trabalhamos para ajudar o Tombini para trazer a inflação para o centro da meta no ano que vem. Achamos que é possível [atingir 4,5% em 2016]. Quando tomamos uma decisão de trabalhar com cenário de mercado, é para todas as variáveis. Mas achamos que é possível trazer inflação para o centro da meta", declarou Barbosa.

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