República Democrática do Congo: voltar à casa para reconstruir a vida

21 julho 2016
República Democrática do Congo: voltar à casa para reconstruir a vida
Voltar para reconstruir a vida no território de Malemba Nkulu, República Democrático do Congo. / CC BY NC ND / CICV

Em 2012 e 2013, milhares de pessoas foram obrigadas a fugir das suas casas no território de Malemba Nkulu, na área superior de Lomami, da República Democrática do Congo, devido à violência e aos enfrentamentos entre as forças do governo e os grupos armados. Depois de se refugiarem na mata por mais de um ano, as pessoas começaram a voltar para os seus vilarejos. Agora tentam superar o martírio e reconstruir a vida.

"Todas as nossas casas foram incendiadas por homens armados", afirma Mulongo Misha, chefe do vilarejo de Kampemba. "Destruíram tudo, até mesmo os nossos campos", acrescenta Ngoy Koza, chefe do vilarejo de Kansonge. "Não temos o que comer."

L’eau coule enfin à Kansonge.

A água finalmente está disponível em Kansonge. / CC BY NC ND / CICV

Sem acesso à água potável, muitas pessoas adoeceram e o número de mortos aumentou. "As condições eram difíceis na mata", explicou Adolphine*, do vilarejo de Kafumbe. "Muitas pessoas estavam doentes quando voltamos para os nossos vilarejos e muitas morreram."

Na maioria dos vilarejos, não havia estabelecimentos médicos suficientes que estivessem funcionando para atender os doentes. "As nossas clínicas não tinham remédios, nem outros materiais", explica Gaspard Mwenge, chefe do vilarejo de Kafumbe. "As pessoas tinham de viajar cem quilômetros até Mulongo para receberem tratamento."

Revenir au village, c’est aussi l’occasion pour les enfants du groupement de Kangombe de retourner à l’école.

As crianças em Kangombe podem voltar à escola agora que retornaram ao vilarejo. / CC BY NC ND / CICV

As escolas não foram poupadas a violência. "Roubaram inclusive os livros da biblioteca!", exclama Kyungu Bondo, professor de Kafumbe. Marie,* do mesmo vilarejo acrescenta, "As crianças estão atrasadas na escola devido ao que aconteceu. Há meninas de 17 anos que ainda estão no terceiro ano do ensino fundamental."

As pessoas começaram a voltar aos vilarejos no final de 2014 e continuaram até o ano seguinte. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) responde às necessidade mais urgentes dos habitantes, distribuindo utensílios domésticos básicos, lonas impermeáveis, cobertores, esteiras para dormir e utensílios de cozinha. Além disso, forneceram sementes para ajudar a recomeçar a produção agrícola.

Le pont de Kibambo sur la rivière Lukushi a été réhabilité.

A ponte de Kibambo, que atravessa o rio Lukushi, foi consertada. / CC BY NC ND / CICV

O CICV também consertou pontes para reduzir o isolamento e facilitar o trânsito livre de pessoas e mercadorias. "Era difícil chegar aos campos e trazer o aipim", conta Marceline*, do vilarejo de Kibambo. "Usávamos canoas e às vezes elas viravam". Kasongo Ndombe, enfermeira do centro de saúde de Kibambo, lembra que tinham de "pagar para levar remédios ao vilarejo".

A população no território de Malemba Nkulu começou do zero e a vida aos poucos volta ao normal. No entanto, continuam preocupados com a situação de segurança, que acreditam que ainda seja frágil. "Pode parecer pacífico, mas ainda precisamos ser cautelosos", afirma Ngoy Koza, chefe do vilarejo de Kansonge. "Nunca se sabe quando o confonto pode começar de novo."

*Foram usados nomes fictícios.

L’équipe du CICR discute des besoins humanitaires des habitants de Kansonge avec le chef de terres.

Equipe do CICV discute as necessidades dos moradores de Kansonge com o chefe do vilarejo. / CC BY NC ND / CICV

 

Desde 2013, o CICV realizou as seguintes distribuições no território de Malemba Nkulu:

  • • Utensílios domésticos básicos e sementes para 2.334 famílias que vivem em Kongolo, Nkema e Kansonge e arredores;
    • Utensílios domésticos básicos para 1.575 famílias que vivem em Kipya, Kibambo, Kizeti e Kamudjilo e arredores;
    • Sementes para 3.158 famílias que vivem em Kamudjilo, Lumbulé, Kibindji e Lukushi e arredores;
    • O CICV também apoia o centro de saúde e a maternidade de Kafumbe, que atende mais de 7,6 mil habitantes em cinco vilarejos, e o centro de saúde de Kansonge, que atende 10.975 moradores em dez vilarejos.
Além disso, o CICV acaba de concluir o primeiro projeto de abastecimento de água potável em Kansonge. Os cincos pontos de água recém-construídos fornecem água suficiente para atender as necessidades de 12,5 mil pessoas.