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  04/11/2005 - 18h19
Juventude perde mando de campo por caso de racismo

Cauê Rademaker
Do UOL Esporte
No Rio de Janeiro

O Juventude é o primeiro clube brasileiro punido por racismo. Nesta sexta-feira à tarde, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), em decisão unânime, aplicou multa de R$ 200 mil e tirou o mando de campo de duas partidas da equipe de Caxias do Sul.

Fotocom
Juventude perde mando de campo por ofensa racista ao volante Tinga, do Internacional
Denunciado pelo árbitro mineiro Alicio Pena Júnior, que apitou a partida contra o Internacional no dia 22 de outubro, no Alfredo Jaconi, o Juventude foi penalizado pelos atos de sua torcida. Conforme relatou o árbitro em sua súmula, a torcida local 'imitava um macaco todas as vezes" que Tinga, volante do Inter, tocava na bola.

A procuradoria do STJD denunciou o Juventude no artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), o que poderia acarretar em pena de até três jogos. A defesa do clube gaúcho tentou amenizar a punição com dois argumentos principais.

Segundo os advogados de defesa, a torcida do Inter costuma usar máscaras de macacos, por isso a provocação. A tese caiu, porém, porque segundo relatos, a torcida do Juventude só fazia os barulhos quando Tinga pegava na bola.

Além disso, a diretoria do time de Caxias tentou conter as ofensas pedindo, nos auto-falantes do estádio, para a torcida evitar as provocações racistas. O fato, porém, não foi citado pelo árbitro do jogo na súmula.

Após a defesa, o relator do processo, Marcos Henrique Pinto Basílio, pediu dois jogos e a multa de R$ 200 mil, citando outro acusação de racismo, ocorrida na partida entre Palmeiras e Flamengo, em São Paulo. O meia Renato, do time rubro-negro, acusou torcedores palmeirenses de comportamento semelhante aos do Juventude.

"Para azar do Juventude, o que aconteceu ontem mostrou que está evoluindo esse problema. Temos que ter uma punição exemplar. Senão, isso ficará incontrolável nos estádios. Tenho certeza que no próximo jogo, o primeiro que imitar macaco será denunciado pelos torcedores e será preso", afirmou.

Justamente pelo fato de se usar o Juventude como exemplo, o presidente do clube gaúcho, Walter Dalzotto Júnior, acredita que a punição já havia sido decidida muito antes do julgamento desta sexta-feira. E promete recorrer.

"Não adiantava trazer árbitro como testemunha [o relator disse que árbitro poderia amenizar situação] e nenhuma outra prova. Essa decisão já foi pré-determinada antes do julgamento, para servir de exemplo. Achei um exagero e a multa muito alta, mas vamos recorrer", anunciou o dirigente.

Como tem apenas mais três jogos em casa nesta reta final de Campeonato Brasileiro, o Juventude terá de enfrentar São Caetano e Goiás longe de seu estádio, voltando somente na última rodada, contra o Atlético-MG.

Outra derrota
O Juventude ainda sofreu outra derrota no STJD. Por dois votos a um, o atacante Zé Carlos, expulso também naquela partida após acertar uma cotovelada em um jogador adversário, pegou 120 dias de suspensão.

Outros três jogadores receberam cartão vermelho naquela partida. O zagueiro Edinho, do Inter, pegou dois jogos de suspensão, tendo mais um para cumprir. Já Tucho, do Juventude, e Vinícius, da equipe colorada, foram absolvidos.

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