• Vitória Batistoti
Atualizado em
Andrei Dilhe, desenvolvedor do jogo Wind Traveler (Foto: Vitória Batistoti)

Andrei Dilhe, desenvolvedor do jogo Wind Traveler (Foto: Vitória Batistoti)

A indústria de videogames vem crescendo e ganhando um destaque surpreendente em todo o mundo – e o mesmo acontece aqui no Brasil. De acordo com a consultoria NewZoo, o brasileiro é o quarto público consumidor desse mercado, tendo movimentado US$ 1,6 bilhão (R$ 5,07 bilhões) no ano passado.

Nesse mesmo sentido, a produção de jogos nacionais também tem crescido.

Segundo dados da Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais (Abragames), em 2008, havia cerca de 43 desenvolvedoras nacionais.

Hoje, em 2017, já são mais de 300. Grande parte delas são projetos não vinculados a grandes empresas – são as produtoras dos conhecidos 'jogos indie'.

Algumas dessas desenvolvedoras nacionais se encontraram durante o Brasil Game Show, maior feira de games da América Latina que aconteceu durante os dias 11 a 15 de outubro, no Expo Center Norte, em São Paulo. Na ocasião, elas levaram seus jogos em desenvolvimento para o público. Confira algumas das ideias apresentadas:

Wind Traveler
Os gaúchos da Sheepixel, desenvolvedora independente de Porto Alegre, vieram até a capital paulista nessa décima edição da BGS para apresentar o game 3D Wind Traveler.

Desde o início do ano passado, um trio composto pelo desenvolvedor Andrei Dilhe e dois designers parceiros estão criando esse RPG em estilo japonês. “Nós nos inspiramos em histórias de jogos que gostamos muito, como Zelda, Harvest Moon e Final Fantasy. Adaptamos alguns elementos desses jogos para criar o cenário do Wind Traveler”, diz Dilhe.

Para se aventurar no cenário de exploração do Wind Traveler, o jogador deve escolher entre 4 personagens disponíveis – um ser humano, um elfo aquático, um elfo da floresta ou um gatinho – e sair em busca dos mistérios da narrativa do game, que estará disponível para computador em versão demo até dezembro deste ano e, em versão completa, em maio de 2018. Até agora, o trio já desembolsou R$ 30 mil para criar o jogo.

Wind Traveler (Foto: Divulgação)

Wind Traveler (Foto: Divulgação)

Ozkar
Com uma pegada musical e fazendo muitas referências a ícones do rock, Ozkar é um jogo desenvolvido pelo Flipfloplab, de São José dos Campos, no interior de São Paulo.

O protagonista do jogo é Ozkar, um rapaz aficionado por rock n’ roll. “Enquanto o jogador vai passeando pela fase, ele encontra bottons. Conforme mais bottons ele for ganhando, ele vai desbloqueando a música da fase, fazendo com que Ozkar fique mais empolgado e, portanto, mais forte”, afirma Rafael, um dos seis integrantes da desenvolvedora.

Em desenvolvimento há dois meses, Ozkar exigiu da equipe um trabalho extenso de criação em trilha sonora, completamente autoral. “Nosso jogo ainda está em fase de teste. Nós trouxemos ele aqui para o pessoal conhecer a mecânica e a temática. Com o feedback que estamos obtendo aqui, podemos desenvolvê-lo melhor para a BGS do ano que vem”, diz Rafael Barros. A ideia é lançar o jogo inicialmente para computador e, depois, para Xbox.

Uma das novidades já confirmadas pela equipe para o lançamento de Ozkar para o próximo ano é a presença de uma personagem feminina, Laila. “Até lá, pretendemos fazer uma campanha de crowdfunding para arrecadar recursos”, afirma Rafael. “Também continuaremos criando conteúdo para nosso canal do YouTube com todas as novidades do game”, completa.

Ozkar (Foto: Divulgação)

Ozkar (Foto: Divulgação)

White Lie
Um coelho de pelúcia acaba se separando de sua dona e precisa traçar uma trajetória de volta até ela.

Essa é a história de White Lie, jogo indie desenvolvido pela Ambize Studio, de Campinas.

Com uma equipe de 5 profissionais, o jogo está sendo criado desde o início de 2017 e deverá chegar ao mercado apenas em 2019, trazendo uma história tocante. “Temos um foco narrativo bem emocional. Queremos envolver nossos jogadores dentro da nossa história e trazer uma premissa de game única”, afirma o desenvolvedor Augusto Miranda.

White Lie foi um dos projetos contemplados pelo edital Spcine, da Prefeitura de São Paulo, que contemplou a Ambize com R$ 35 mil. O jogo deve chegar primeiro em versão para computador e depois para consoles. A equipe também pensa em expandir para versão mobile.

White Lie (Foto: Divulgação)

White Lie (Foto: Divulgação)

Resonance – The Lost Score
A equipe de 4 profissionais da desenvolvedora Demerara, do Rio Grande do Norte, quer fazer com que a experiência do jogador dentro do Resonance – The Lost Score seja mais imersiva o possível.

Para isso, eles desenham o game de forma que o usuário precisa cantar as 7 notas musicais para permitir que seu personagem avance ao logo da narrativa. "Queríamos criar um jogo que fosse divertido de assistir quanto divertido de jogar”, afirma Robson Talbone, designer do game.

Assim, sempre que a criaturinha principal – que não tem raça definida – se depara com algum objeto que trava seu caminho, o jogador precisa cantar as notas musicais e descobrir qual é a correta para seguir o roteiro do game.

Essa versão apresentada durante a BGS começou a ser produzida no começo de 2017.

Porém, a história do Resonance – The Lost Score, terá adaptações. A equipe está se debruçando para desenvolver um game com uma narrativa de mais impacto. “Estamos construindo uma nova história, com um design com uma pegada de desenho animado. Agora, nós criamos uma história em que há uma metrópole na qual tudo funciona através da voz. Mas alguns moradores começam a se incomodar com a população gritando o tempo todo e rouba as tecnologias que possibilitam o funcionamento da cidade através da voz. Aí, é a vez do nosso personagem principal, Wax, combater esse inimigo”, diz Talbone.

A versão antiga já está disponível na plataforma de vendas de jogos online Steam, mas a versão completa ainda está sendo desenvolvida deve chegar ao público no próximo ano.

Resonance - The Lost Score (Foto: Divulgação)

Resonance - The Lost Score (Foto: Divulgação)

Guitar Flash
Assim como o nome, a temática do Guitar Flash, jogo desenvolvido pela equipe de 4 profissionais da Games X, de Batatais (SP), é bastante inspirada em Guitar Hero. “Eu era só um jogador de Guitar Hero. Mas, por brincadeira, decidi criar um jogo no mesmo estilo e coloquei na internet e o pessoal começou a jogar e o game cresceu. Hoje, temos praticamente 1 milhão de jogadores no Facebook, quase 10 milhões de downloads na Google Play”, diz o desenvolvedor Allan Bueno.

As músicas para jogar são, em sua maioria, de bandas independentes e são todas de rock.

O jogo já existe há dez anos; profissionalmente, há cinco. Durante essa exposição na BGS, a equipe do Guitar Flash apresentou a nova versão do game para computador, que ganhou melhorais visuais e sociais. “Os jogadores agora podem criar notas para as músicas que eles gostam e disponibilizar para outros jogadores”, afirma Bueno.

A equipe já vem investindo cerca de R$ 200 a R$ 400 mil no game durante esses anos, mas revela já ter atingido o ponto de equilíbrio. Ou seja, já faturou o dinheiro que investiu. Como o game é gratuito em suas plataformas, a monetização do produto vem de anúncios.

Guitar Flash (Foto: Divulgação)

Guitar Flash (Foto: Divulgação)