Pensando em serviços e não em software

20 de fevereiro de 2014 Por Ramon Durães

Gráfico de adoção da tecnologia

Ao longo dos últimos 20 anos a indústria de software vem passando por uma série de transformações impulsionadas diretamente pela melhoria da tecnologia em si assim como pelo número de pessoas que passam a conviver diariamente com serviços conectados no dia a dia e muitas das vezes até sem perceber.

Ao sair de casa você já está sendo filmado no elevador, ao pisar o pé na rua já está sendo filmado em algum lugar. Ao utilizar o transporte público já está pagando com um cartão integrado em um ônibus monitorado. Ao parar na padaria e pedir algo e pagar você vai usar a tecnologia mesmo que indiretamente  de alguma forma. Com essa simplicidade que ela (a tecnologia) se encaixou em nossas rotinas, vem conquistando cada vez mais espaço, tornando-se mais barata e acessível. Hoje com por poucos centavos de real você tem internet em seu smartphone, democratizando a própria inclusão digital de qualquer pessoa.

O fato é que nesse mundo atual, a tecnologia passou a ser um  “padrão”ou mesmo um “commoditie”, que nem percebemos, apesar de saber que dependemos dela. Eu fico feliz com isso, principalmente quando acendo uma lâmpada em casa e vejo que a energia está sendo medida na distribuidora usando um software de um cliente, ou mesmo quando verifico a conta do café e está lá a contribuição de um software feito por outro cliente.

É um caminho sem volta, o fim da impressora fiscal. Não existe melhor modelo que a nota fiscal eletrônica, e essa nova tendência está cada dia mais próxima no Brasil com alguns estados que já saíram na frente. Do lado dos desenvolvedores é um grande alívio em função da enorme burocracia para homologar um software nos moldes atuais, sem falar nas limitações tecnológicas impostas que impedem o melhor uso do software no atendimento ao cliente, principalmente nesse novo ecossistema de mobilidade que estamos inseridos.

Em meados de 1991, Geoffrey A. Moore publicou a primeira edição do livro “Crossing the Chasm”, tratando a estratégia de adoção da tecnologia, popularizando o famoso gráfico do abismo. Esse gráfico nos dá uma percepção rica de posicionamento do nosso negócio e qual o momento de repensar o mesmo. Se a sua empresa foi fundada há 10 anos ou mais, certamente você atravessou o abismo por ser visionário em um determinado momento. O que já deve estar percebendo é que mesmo chegando ao topo praticamente já deve ter tido a sensação de bater a cabeça no teto e, nesse momento, o ciclo se inverte em direção à queda.

Um melhor exemplo da reinvenção da própria tecnologia e fácil de ser acompanhado é a própria Microsoft. Se você fizer uma rápida análise verá que ao longo do anos o que a Microsoft tem mais feito foi justamente ter se reinventado e recriando o mercado, definindo tendências e apostando, voltando o negócio ao início como visionário.

Há 20 anos atrás você poderia esperar 10 anos para se reinventar. Hoje estamos falando de um novo momento e um novo consumidor que tem a tecnologia na mão dele, que está integrado às redes sociais e que testa pelo menos 50 aplicativos em seu smartphone e não terá problema em trocar de fornecedor. É nesse momento que você tem que reconstruir o negócio e mudar a sua estratégia de produto para serviço.Às vezes é necessário colocar o dedo na tomada e tomar aquela carga, ou mesmo sair da rotina e tentar ver o negócio de fora.

Atualmente nós trabalhamos com as principais empresas de software no Brasil onde venho estudando como cada empresa trabalha a cerca de 10 anos e não é difícil escutar “Ramon tenho 50 clientes para fechar e não posso vender, pois não consigo entregar”. Você deve estar se perguntando: como assim? Mas é a “triste” realidade que estamos vivendo. O mercado nunca esteve tão aquecido, porém os negócios ficaram congelados e não estão conseguindo responder a demanda do mercado, pois possuem produto com alto custo de implantação, manutenção e não serviços.

Hoje a Microsoft rebatizou a sua principal estratégia de SaaS (Software as a servisse) que é a suíte online de aplicativos Office (Word, Outlook, OneNote, PowerPoint, Excel, OneDrive), e para uma empresa do tamanho deles não é difícil imaginar quantos paradigmas tiveram que ser quebrados para fazer todas as pessoas da empresa mudarem a linha de pensamento de “Produto” em caixinha para “Serviço” online 24x7x365.
 
Quando eu converso com algum cliente da indústria de software já adianto que nem é mais tendência modelo de serviço para o negócio, e sim sobrevivência nesse novo momento do mercado. Seguindo o fluxo do gráfico do abismo é o momento de definir o que deseja ser nos próximos anos.
Uma coisa importante que todos da indústria de software precisam ter em mente é que a internet abre as portas para os pequenos concorrerem como grandes e para os grandes concorrerem no mercado dos pequenos. Não existe território, distância ou dono da área e sim qualidade, disponibilidade e confiança a um preço altamente competitivo que você só consegue praticar se o seu negócio de software for eficiente e vendido em volume com receita recorrente que realimenta os seus investimentos em tecnologia.

Por muitos anos as empresas de software passaram por migrações de tecnologias, que, na prática, foram transportando os problemas de um momento para outro e assim foram esticando os negócios seguindo os mesmos moldes originais. Se já falamos hoje em aeronaves não tripuladas entregando encomendas como se admite alguém desenvolver um software aplicando um control+C (Copiar), control+V (Colar) em um código e chamar de reutilização e produtividade?

Os primeiros passos devem ser focados no direcionamento de qual o posicionamento futuro do negócio como serviço. Depois quais estratégias atuais de desenvolvimento de software e tecnologia podem suportar essa mudança de paradigma, atacando as altas dores atuais como falta de escala, manutenção altíssima e risco com bugs recorrentes criando um projeto escalável.

Consegui tocar o seu coração? Participe curtindo e nos comentários. Até a próxima!

Ramon Durães
Chief Technology Officer (CTO) na 2PC
MVP, Visual Studio ALM
PSM, CSM, PSD

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