Por karilayn.areias

Rio - Movimentos culturais se uniram e tentaram driblar a censura imposta pela ditadura militar no Brasil. O que muita gente não sabe é que, já no fim do regime, foi o futebol corintiano que fez um verdadeiro gol de placa contra a repressão. Esse capítulo pouco falado sobre nossa história está em ‘Democracia em Preto e Branco’, de Pedro Asberg, que estreia hoje nos cinema.

Sócrates de camisa que pede eleições diretas para governador%2C em 1982Divulgação

Década de 80, São Paulo. Tentando se salvar do rebaixamento, o Corinthians decide implantar um sistema democrático, baseado no voto e no diálogo entre seus integrantes — coisa inédita até então. Jogadores como Sócrates, Casagrande e Wladimir logo perceberam que, em plena ditadura, aquele movimento poderia ser útil muito além do gramado.

“Aquele grupo decidiu que deveriam participar mais ativamente das decisões que cabiam à rotina deles, mas principalmente, mostrando que o jogador de futebol deve e pode participar ativamente da sociedade”, comenta o diretor.

A ideia era mostrar como os jogadores, a partir do que ficou conhecido como Democracia Corintiana, perceberam que o futebol tem um poder de influência enorme para dialogar com as massas. “Eles tiveram muita coragem. Sócrates foi ao palanque e discursou da mesma maneira que o Lula e o Fernando Henrique Cardoso”, lembra-se Pedro.

Mas o campo também se tornou palanque para o time, que chegou a jogar com a frase ‘Dia 15, vote’ estampada na camisa, afrontando os militares e incentivando as eleições diretas para governador, em 1982. A iniciativa repercutiu entre a torcida, jornais e as classes política e artística da época, ganhando aliados como Rita Lee, que, além de corintiana, é narradora do filme.

Enquanto as bandas de rock dos anos 80 gritavam ideias libertárias no rádio, a Democracia Corintiana também promovia sua ideologia, através do esporte. “Já não se fazem mais Sócrates e Casagrandes como antigamente. O panorama atual dos jogadores é de pessoas que estão mais preocupadas com o cabelo e com a roupa do que em participar da sociedade em geral”, lamenta o cineasta.

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