Por Nathália Duarte, G1 — São Paulo


Sair de casa com bebês pode ser uma aventura para mães e pais “recém-nascidos”. Pular carnaval, então, parece impossível para muitos. Mas não é. O G1 ouviu pediatra, especialista em segurança e até a criadora de um bloco infantil para reunir dicas de como curtir a folia com os pequenos sem riscos e com muita bagunça – para os pais e para os filhos.

VÍDEO: algodão no ouvido? Pausa para o lanche? Assista abaixo aos bastidores do ensaio do Bloco Mamãe Eu Quero

"Carnavalzinho" em SP

"Carnavalzinho" em SP

O primeiro passo é escolher uma programação adequada. Em São Paulo, por exemplo, existem blocos de rua e festas criadas especialmente para as crianças, com trilhas que divirtam também os pais. É o caso do Bloco Mamãe Eu Quero, que sai desde 2015 na região de Perdizes e reúne mais de 5 mil pessoas. (veja 8 dicas para o carnaval com bebês e sugestões de programação ao fim da reportagem)

“A ideia de criar um bloco para bebês e crianças surgiu da necessidade de ter um ambiente que se adequasse às necessidades das crianças, sem que os pais precisassem abrir mão de curtir o carnaval. Eu toquei em bateria até a gravidez, mas quando meu filho nasceu eu pisei no freio. Com 2 anos e meio, eu senti muita vontade de retomar. Me sentia muito sozinha. Voltei à vida através do carnaval”, conta Helen Henrique, mãe do Lucas – hoje com 7 anos - e criadora do Bloco Mamãe Eu Quero.

Bloco Mamãe Eu Quero reúne cerca de 5 mil pessoas em Perdizes — Foto: Nathália Duarte/G1

Mas um bloco para os pequenos tem algumas particularidades: duração um pouco menor do que um bloco tradicional (duas horas, em média), preferência pelo período da manhã e reforço na segurança, por exemplo. “O carro de som não sai andando, evitamos grandes avenidas e optamos por sair no pré-carnaval, que é mais tranquilo”, conta Helen.

A trilha também é adaptada, sem palavrões, sem duplo sentido. “A gente não toca só samba e marchinhas. Tocamos todos os ritmos brasileiros, porque a ideia é levar a cultura do país para as famílias e crianças. Não tem restrição de ritmo, temos de samba ao funk, do rock à ciranda, mas com cuidado na escolha das letras das músicas.”

O Mamãe tem de 30 a 40 pessoas na Bateria Encantada, que sai no chão. E tem criança no batuque. “Eles experimentam, batem. No bloco eles podem tudo. Não estamos em busca da batida perfeita. O objetivo é despertar o gosto pela música”, diz Helen, que é também fisioterapeuta especialista em desenvolvimento neuropsicomotor.

Pequenos tem 'trânsito livre' durante ensaio do Bloco Mamãe Eu Quero, em São Paulo — Foto: Nathália Duarte/G1

Há idade ideal? Quanto tempo de folia?

Mas a partir de que idade é possível farrear com a criançada? Em geral, recomenda-se que até os 3 meses de idade o bebê fique em ambientes mais recolhidos, na chamada extero-gestação. E mesmo passado esse período, segundo a pediatra Sandra Souza, da Clínica Matryoshka, o ideal é planejar a folia com bebê a partir dos 6 meses. “É nessa idade que ele começa a interagir mais e irá aproveitar de fato”, diz.

Folia liberada, por onde começar? A escolha do lugar da festa é fundamental. Sandra sugere dar preferência a ambientes abertos – para fugir do calor excessivo e do ar-condicionado.

Detalhe da concentração da 'Bateria Encantada', ouvindo orientações do Mestre de Bateria — Foto: Nathália Duarte/G1

Também é preciso observar se o local está seguro para a criança, como alerta Gabriela Guida de Freitas, coordenadora nacional da ONG Criança Segura. “Se for em um prédio ou salão, é preciso verificar se ele possui telas de proteção nas janelas, ou se o piso é escorregadio, por exemplo. Se for na rua, o local está fechado para a passagem de carros? Cada situação deve ser observada a partir de suas especificidades. ”

Outro cuidado deve ser com a hidratação: vale leite materno, água e água de coco, além de frutas frescas que tenham bastante água. “Lembre-se de oferecer líquidos de tempos em tempos e ficar atento aos sinais de cansaço, fome e sede. Também é importante tentar manter os horários e os costumes de cada criança”, destaca Sandra.

Crianças brincam com instrumentos no ensaio do bloco Mamãe Eu Quero — Foto: Nathália Duarte/G1

As crianças têm ritmos diferentes em cada idade e características individuais, então a regra é obedecer aos limites de cada um. “Acredito que uma hora e meia ou duas horas de folia seja o limite, mas cada família deve ficar muito atenta aos sinais de cansaço dos filhos. E é preciso lembrar que essa é uma situação de exceção, então considere que, depois da festa, o bebê vai precisar de um pouco mais de quietude para desacelerar”.

Para os bebês, carregadores podem ser uma boa opção para facilitar o descanso em meio à folia. “Quanto menor a criança, mais próxima do corpo dos pais e menos acessível às outras pessoas ela deve estar.”

Barulho é perigoso? Que fantasia usar?

Quando o assunto é barulho, o critério, segundo Sandra, deve ser prestar atenção ao que incomoda o adulto. E o fato de estar ao ar livre já ajuda a minimizar o possível efeito nocivo do som alto.

Crianças e adultos participam juntos de ensaio de bateria do Bloco Mamãe Eu Quero, em São Paulo — Foto: Nathália Duarte/G1

Na hora de escolher a roupa, em dias muito quentes, quanto mais leve, melhor. E mesmo para as fantasias, dê preferência para tecidos naturais, de algodão, e com poucos itens com chance de se soltar. “Não há um estudo que nos mostre os acidentes mais comuns, mas sabemos que podem acontecer casos de sufocação pela ingestão de objetos pequenos, como penduricalhos de fantasias, confetes e adereços. É importante que os responsáveis tomem cuidado, e fiquem de olho também em cadarços dos sapatos, para evitar quedas, e cordões das roupas, que podem causar estrangulamento”, destaca Gabriela, da Criança Segura.

Ao final, o “custo-benefício” de todos os cuidados para não deixar de curtir o carnaval vale muito a pena, para as crianças e para os pais também. “Deixar a criança livre para brincar e explorar é muito importante para o desenvolvimento saudável dela”, diz Gabriela. "O carnaval me fez sentir incluída de novo no mundo, depois da maternidade. Não é exagero dizer que mudou minha vida", conta Helen.

8 DICAS PARA O CARNAVAL COM BEBÊS

  • Prefira lugares ao ar-livre para driblar o calor e evitar o ar-condicionado
  • Verifique a segurança do local: está fechado para carros? Tem grades ou redes, se for o caso?
  • Ofereça líquidos com frequência: leite materno, água e água de coco
  • Fique atento a sinais de cansaço. Para os pequenos, o ideal é que a folia dure entre 1h30 e 2h
  • Para os bebês, aposte em carregadores para pausas e descanso
  • Prefira roupas leves para as crianças, com tecidos naturais como o algodão
  • Se for usar fantasias, cuidado com enfeites que podem se soltar e causar acidentes
  • Atenção com o som alto. O seu incômodo pode significar incômodo também para o bebê

ONDE IR

  • Bloco Mamãe Eu Quero

18/2, sábado - 9h

Praça Irmãos Karmann, São Paulo – Perdizes – São Paulo

  • Fraldinhas e Alfinetes

18/2, sábado - 10h

Av. Jandira, 781, Moema – São Paulo

  • Tindôtetê

18/2, sábado - 13h

Praça Rotary, Rua Major Sertório – Vila Buarque – São Paulo

  • Bailinho Fora da Casinha

19/2, domingo - 9h30

Rua Pepiguari, 360 – Alto da Lapa - São Paulo (R$ 15 por adulto e crianças até 10 anos não pagam)

  • Bloco Emílias e Viscondes

24/2, sexta - 14h

R. General Jardim, 485 - Vila Buarque (Biblioteca Monteiro Lobato) – São Paulo

  • Bloco Bebê

26 e 28/2, domingo e terça - 11h

Sesc Osasco - Av. Sport Club Corinthians Paulista, 1300 - Jardim das Flores, Osasco

  • Carnaval do Bloquinho

5/3, domingo - 10h

Praça Rosa Alves da Silva, Vila Mariana - São Paulo

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