Gaza: redes de água e esgoto danificadas apresentam perigo para a saúde

13-10-2014 Relatório de operações

Grande parte da população na Faixa de Gaza ainda não tem acesso à água potável. Consertar as redes de esgoto e reestabelecer os serviços básicos de eletricidade continua sendo urgente.

Gaza, Khan Yunis. Crianças buscam água potável com recipientes ou garrafas de plástico/ CC BY-NC-ND / ICRC / A. El Baba

 

A infraestrutura de água e eletricidade em Gaza já beirava uma ruptura antes do conflito recente, que danificou ainda mais a rede de esgoto e a única central elétrica do território.
 

As redes de esgoto destruídas não só contaminaram as redes de água limpa com águas residuais, mas também o meio ambiente, piorando os riscos à saúde pública. Este problema agravou uma situação que já era séria devido a que a, antes disso, Faixa de Gaza lançava quase 100 mil metros cúbicos de águas residuais para o mar todos os dias.

Os esforços de emergência realizados pelo CICV até agora abasteceram com água mais de 600 mil pessoas – pelo menos um terço da população – e ajudaram a reestabelecer mais de 80 por cento do serviço de eletricidade limitado para a população. No entanto, mais melhorias sustentáveis da infraestrutura vital são necessárias.
 

A equação essencial de água-eletricidade

“A equação é simples”, afirmou Guillaume Pierrehumbert, coordenador de água e hábitat do CICV para a Faixa de Gaza. “A falta de eletricidade impede que a água seja limpa, evacuada, tratada, dessalinizada e levada de volta para as casas, hospitais e negócios. Há uma escassez generalizada de água e a que está disponível é salgada, está suja ou é perigosa para o consumo”.
 

Portanto, são necessários geradores de reserva para realizar atividades cotidianas simples. Essas tarefas requerem combustível adicional – uma commodity escassa em Gaza, onde os recursos financeiros são limitados.
 

“Simplesmente pensem em como o sistema de água nesta área urbana densamente povoada foi mutilado”, declarou Pierrehumbert. “Os efeitos são vistos e os cheiros são sentidos em toda parte, porém são mais preocupantes nos hospitais, onde a segurança das pessoas mais necessitadas é posta em perigo”.
 

Serviços cruciais ainda estão em risco

Alguns serviços cruciais em hospitais requerem um fornecimento permanente de energia elétrica que só pode ser proporcionado por geradores que consomem muito combustível. Além disso, a má qualidade da água disponível – em particular, o seu alto grau de salinidade – afeta negativamente os serviços que dependem de água pura, como a hemodiálise.

Os desafios maiores ainda persistem. Áreas como Beit Hanoun (40 mil habitantes) e Shujaya (35 mil habitantes) continuam expostas aos perigos para a saúde e ao forte mau cheiro das redes de esgoto destruídas. Estima-se que será necessário mais de um ano para reestabelecer as condições prévias à guerra.
 

“A renovação da infraestrutura básica é urgente e precisa de uma coordenação efetiva dos esforços humanos e os recursos materiais”, explicou Jacques de Maio, chefe da delegação do CICV em Israel e nos territórios ocupados. “Acelerar a importação de materiais é indispensável devido ao esgotamento dos estoques de equipamentos cruciais e peças sobressalentes. Em uma das áreas mais densamente povoadas do mundo, não podemos dar-nos ao luxo de nos arriscar com a saúde pública”.
 

Desde a deflagração do conflito, o CICV trabalha de perto com os Serviços Hídricos Municipais Costeiros, a Autoridade Palestina de Recursos Hídricos, a Companhia Distribuidora de Eletricidade de Gaza, a Autoridade Palestina de Energia e Recursos 

Naturais e as prefeituras locais para realizar os consertos mais urgentes nas redes de água e eletricidade.
 

Esforços vitais em andamento

Desde o começo da crise, em cooperação constante com o Crescente Vermelho Palestino, o CICV também:
 

  • realizou atividades vitais, como o transporte de 3 mil unidades de sangue a Gaza e o encaminhamento de pacientes para serem tratados fora da Faixa;
  • realizou consertos de emergência e forneceu equipamentos, material cirúrgico, drogas, medicamentos e material para o tratamento de pacientes com ferimentos de guerra a hospitais e outros estabelecimentos de saúde, serviços de ambulâncias e o Centro de Membros Artificiais e Pólio de Gaza;
  • disponibilizou profissionais de saúde com conhecimentos de reabilitação física e saúde mental;
  • começou os consertos em quatro dos hospitais mais danificados na Faixa de Gaza;
  • forneceu a mais de 131 mil pessoas deslocadas pelo conflito itens como materiais de abrigo, roupas de cama, utensílios de cozinha, produtos de higiene, fraldas, baldes, galões, produtos de limpeza e, em alguns casos, água e alimentos;
  • coletou informações sobre o desenvolvimento das hostilidades na Faixa de Gaza e nas arredores, e manteve um diálogo bilateral e confidencial com as partes do conflito;
  • continuou visitando e assistindo pessoas detidas;
  • processou 68 pedidos de rastreamento de particulares de Gaza;
  • enviou mais de mil mensagens de familiares a pessoas detidas em Gaza;
  • doou cem sacos mortuários, cem uniformes protetores e itens para o manejo de restos mortais;
  • forneceu 100 mil litros de combustível a hospitais;
  • entregou mais de 1,8 mil paletes de água, alimentos, artigos de higiene e peças sobressalentes para ambulâncias.


 

Mais informações:
Marco Jimenez, CICV Gaza, tel: +972 59 893 5466 (inglês, francês, espanhol)
Misada Saif, CICV Gaza, tel: +972 59 960 7538 (inglês, árabe)
Cecilia Goin, CICV Jerusalém, tel: +972 52 601 9148