Google Currents: conteúdo de forma simples

Pronto para usuários e produtores de conteúdo

A empresa Google lança o aplicativo que promete uma nova experiência ao acessar conteúdo de música, fotos do Google+ e vídeos do YouTube a partir de dispositivos móveis.

Com mais de 150 editores parceiros, entre eles Forbes e Gizmodo, é lançado o Google Currents. O aplicativo será disponibilizado no Android Market e na App Store gratuitamente e traz conteúdo otimizado para smartphones e tablets – tudo se encaixando perfeitamente à tela do seu dispositivo. O usuário pode navegar entre palavras, fotos e vídeos de forma intuitiva, mesmo estando offline.

Imagine criar e publicar seu conteúdo sem precisar de um app específico: a self-service platform permite ao produtor elaborar o design e customizar suas publicações digitais de forma fácil para o Google Currents.

Integração

O Google Currents está integrado com o Google+, o que permite aos usuários compartilhar artigos e vídeos nos seus círculos. Outro ponto positivo é a possibilidade de integração com o Google Analytics, dando aos produtores um panorama das preferências  do de conteúdo do usuário, bem como localização e dispositivo utilizado.

Por enquanto o Google Currents só está disponível para usuários dos Estados Unidos, mas você pode ver como ele funciona aqui:

A ágora da blogosfera mundial

468 participantes de 23 países e 17 estados brasileiros; dois dias de intensas discussões, ricos debates, instigantes reflexões, trocas de experiências, práticas e visões: é o balanço do 1º Encontro Mundial de Blogueiros (#BlogMundoFoz), que aconteceu em Foz do Iguaçu (Paraná) de quinta-feira, 27, a sábado, 29 de outubro.

A pegada mais forte que esta animada, diversificada e criativa ágora antropodigital me deixou foi a sensação de que o universo das mídias sociais – que se reconfigura permanentemente em ritmos vertiginosos, é poliédrico,  pluridirecional, multifacetado e marcado pela imprevisibilidade – está muito longe de ter manifestado a maioria de suas (talvez imponderáveis) potencialidades. Mas, sobretudo, o encontro fortaleceu minha íntima convicção de que a interação/hibridação entre sujeitos humanos e tecnologias digitais de comunicação, agentes mestiços em incessante reconfiguração mútua, pode – ao contrário do que alguns pensam – ser um fator promotor de mudanças em direção a uma sociedade – e incluo nesta expressão não apenas os humanos, mas todos os não-humanos, vivos e não-vivos que participam de sua redefinição permanente – mais aberta, mas participativa, mais horizontal, mais diversa, mais polifônica, quiçá mais feliz.

Tema: O papel da blogosfera na construção da democracia

Pensadores como Ignacio Ramonet e Pascual Serrano mostraram que, como tudo o que é do domínio da matéria e da vida, no ciberespaço tendências opostas convivem, se entrelaçam, se alimentam mutuamente e, ao invés de se excluírem, se complementam. Quanto mais nos comunicamos; quanto mais compartilhamos ideias, emoções, experiências; quanto mais nos mobilizamos e articulamos em rede; quanto mais nos conectamos uns aos outros mais enriquecemos grandes conglomerados empresariais cujos lucros se alimentam de nossa vontade de estar juntos e de participar da vida comum. Quanto mais democratizamos o acesso à informação quebrando o papel tradicional de emissor e receptor, mais somos vigiados, controlados, censurados, invadidos em nossa privacidade por empresas, profissionais de marketing e governos. Quanto mais nos aproximamos, mais nos afastamos. Quanto mais informação independente fazemos circular, mais aumentamos o ruído informativo. Quanto mais pessoas saem às ruas de forma espontânea, horizontal e auto-organizada criando novas sociabilidades, mais vazia – às vezes – é a cabeça dessas pessoas de conteúdos significativos com um real potencial transformador. Quanto mais pessoas se reúnem para partilhar suas experiências em mídias sociais, mais aumenta a censura de empresas que lucram com tais partilhas, como aconteceu no próprio encontro de Foz do Iguaçu cuja hashtag #BlogMundoFoz foi deliberadamente excluída dos trend topics brasileiros (a lista dos assuntos mais comentados pelo Twitter).

Mas, como seres complexos e contraditórios que somos, não devemos nos admirar nem muito menos nos assustar com isso: o real não é coerente, homogêneo e unívoco; não o é o mundo da matéria; não o é o mundo vivo; não o é o domínio do humano. Por que, então, o seriam o universo das mídias digitais e as hibridações que tecemos com elas? Assumirmos a contradição, a multiversidade das tecnologias digitais de comunicação é o primeiro passo rumo a formas de interação com elas – e de interação entre nós mediada por elas – capazes de traçar caminhos de emancipação geo-bio-antropológica.

Experiências como as da Primavera Árabe, dos movimentos de #indignados que estão promovendo nos cinco continentes acampamentos auto-organizados, articulados pelas redes sociais e com o único propósito de dizer aos poderes constituídos e ao resto da sociedade que algo está errado no modelo de desenvolvimento que adotamos, experiências que foram quase todas representadas e compartilhadas no #BlogMundoFoz, nos mostram que é possível construir pelas, nas e com as mídias digitais práticas sociais, relações interpessoais e – acrescento eu – também interações homem-ambiente baseadas em pressupostos emancipatórios: reciprocidade; escuta sensível do outro; partilha; generosidade; desinteresse; horizontalidade; participação direta; diálogo entre saberes.

Debates como sobre as legislações sobre comunicação e sobre mídias digitais em diferentes países fizeram emergir com clareza a consciência da blogosfera de que os Estados e as sociedades das quais são parte, de mãos dadas, precisam promover e implementar marcos regulatórios abertos, plurais e flexíveis, mas pautados em princípios claros como transparência, democracia participativa e ausência de censura que favoreçam o despertar e a expressão das múltiplas potencialidades das mídias sociais.

O encontro, que se concluiu com a aprovação da Carta de Foz do Iguaçu, a qual sintetiza os princípios e reivindicações que pautaram as discussões, foi para mim, acima de tudo, um sinal. O sinal de que milhões de pessoas, em cada rincão da nossa grande casa comum hibridando-se com tecnologias digitais de comunicação, estão construindo novas formas de comunicar, de ser, de participar da vida coletiva, de viver. Essas pessoas estão se unindo, trocando experiências, articulando-se, criando novos espaços digitais e sociais, prospectando novas possibilidades de sociedade, de homem e de natureza. Até onde este movimento irá não dá para saber. O que sei é que está em caminho e que será difícil detê-lo.

Bem-vindos à Era [da Inquietação] Pós-humana

Por Nice de Paula*

“Um Ciborgue é um organismo cibernético, isto é, um organismo dotado de partes orgânicas e mecânicas, geralmente com a finalidade de melhorar suas capacidades utilizando tecnologia artificial.”

Até hoje, nunca tinha parado para pensar o ser humano enquanto “máquina”, ou extensão delas. Claro que a cada filme de ficção científica, fazemos reflexões sobre como seria se realmente estivéssemos em uma Matrix ou em meio a uma guerra com Exterminadores do Futuro. Conexões vagas e sem muito fundamento efetivo dentro da nossa rotina.

Mas minha percepção de ciborgue, a partir de hoje, transcendeu o estereótipo hollywoodiano e ganhou embasamento teórico que me permitiu a conclusão que se segue: eu sou um ciborgue. Você, que está lendo este post, também é. Não estou falando de pessoas que precisam de partes do corpo desenvolvidas pela cibernética para suprir alguma deficiência ou seres com esqueletos de titânio e cérebros artificiais. Estou falando de pessoas que acreditam ser 100% orgânicas. Ao descrever uma rotina humana irei fazê-lo pensar na sua e perceber que, por mais cético que você seja, tem a sua extensão inorgânica que não é mais possível dissociar do seu eu orgânico.

A probabilidade de acordar no horário apenas com relógio biológico é um risco, portanto programa seu smartphone (ou relógio) para despertar na hora necessária. Ao tocar, aciona a tecla desliga e levanta-se. Enquanto toma café da manhã é possível saber das primeiras notícias através da T.V., rádio ou jornais online.

Antes de sair, lembra do pendrive que está carregado com o arquivo que irá precisar para apresentação de hoje durante a reunião da manhã, no trabalho. Munido de pendrive, notebook, tablet e smartphone, você entra em seu carro e aciona o GPS para identificar o melhor caminho até a casa de um amigo que dará carona.
Tão logo liga o carro, coloca um CD de Chill Out para começar bem o dia e opta por sentir a brisa da manhã. Assim, o ar condicionado não estará ligado. Logo surge um semáforo. E até chegar ao seu trabalho, passando pela casa do seu amigo, terá um radar no caminho e por isso é melhor ficar atento a velocidade permitida. Durante a espera pelo seu carona, aproveita para ver as notícias da manhã na sua timeline do Twitter, dando uma passadinha pelos feeds do Facebook. Vida social em dia, ambos seguem para o destino: trabalho.
Já no trabalho, a cancela eletrônica “educadamente” cumprimenta-os e libera o ticket de estacionamento. Um elevador os transporta comodamente, com ar condicionado e música ambiente, até o 20º. Na sua sala, uma cadeira ergométrica garante postura perfeita e previne dores na coluna. Antes da reunião, liga notebook e tablet para conferir apresentação e pautas. Para causar efeito impactante em seus clientes, seu produto será apresentado em realidade aumentada.”

Agora que já conseguiu visualizar a cena descrita, pare e pense em toda sua dependência tecnológica. Mas dispa-se do ceticismo cego que não permitirá a compreensão dessa relação interdependente do orgânico com o inorgânico.

Nossa memória hoje não se resume ao nosso cérebro. Ela se estende para o celular, smartphone, tablet e computadores. Na verdade temos um cérebro com 4GB, no mínimo e com peso aproximado de 4,4kg, sendo este 1,4kg orgânico e 3kg inorgânico. Conhecimento? Orgânico deve ser alimentado e estimulado, já o artificial é colaborativo, pesquisável, compartilhado e ilimitado.

Se ainda não está convencido, lembre-se dos “sintéticos” vitais: inorgânicos que mantêm o bom funcionamento orgânico. Isso mesmo, aquela dor de cabeça é curada drogas sintéticas, assim como um diabético recorre à insulina produzida em laboratório. In vitro crianças são concebidas. Corações têm seus ritmos regulados ao estímulo de marca-passos e válvulas mecânicas, e estes garantem o bom funcionamento do órgão. Para diversas intervenções cirúrgicas, câmeras e robótica. Para ouvidos com déficit de audição, aparelhos auditivos cada vez mais modernos e imperceptíveis aos olhos. Máquinas tornam Júlio Verne um visionário brilhante… Voamos, navegamos e mergulhamos muito além de nossas potencialidades humanas desafiando nossas limitações orgânicas graças ao inorgânico.

Sim, humanos tão ciborgues quanto orgânicos, em uma proporção tão intimamente ligada que não ousaria calcular em percentuais. Talvez você esperasse um texto denso e regado de filosofia se entrelaçando com teologia, lamento decepcioná-lo. O que este post pretende é deixar claro para qualquer ‘homem médio’ que o terno ciborgue já está implícito na própria condição humana. A ruptura já aconteceu, somos híbridos em busca de identidade e pertencimento.

Agora resta a nós, seres humanos, resgatarmos cada vez mais o que há de orgânico em nosso entorno e preservá-lo. O inorgânico é substituível e melhorado, tornando-se tão obsoleto quanto foi necessário, em uma fração de segundos. O orgânico é perecível ao tempo, espaço e consumo. São complexas cadeias de DNA que envolvem muito mais que cálculos e materiais para uma composição perfeita. Dotado de vida e sentimento, resiste bravamente contra a apocalíptica, e surreal, revolução das máquinas, como um Titã na mitologia grega.

Polêmicas a respeito do assunto não deixariam de existir com teses inflamadas de religiosidade, e outras de ceticismo. Acreditando ou não na “Teoria Ciborgue”, sinto-me no dever causar-lhes essa inquietação. Pois é somente através dela que estará em constante busca do que pode ou não ser verdade [A sua verdade].

O receptivo que finalizo esse post pode ou não ser aceito por você, mas não irá mudar o resultado da dissecação que acabo de fazer sobre fatos da nossa atual realidade: Bem-vindos ao mundo inorgânico. Bem-vindos à Era [da Inquietação] Pós-humana.

Para mais sobre o assunto: Manifesto CiborgueDonna Haraway

Este post é dedicado aos participantes do Módulo I da Especilização em Mídias Sociais da Fatern, Natal/RN: Interação Homem-Mídias Sociais
Turma I em Estratégias de Comunicação em Mídias Sociais: Profº Gabriel Anaya | Coordenador: Antonino Condorelli

*Mercadóloga, Analista de marketing, autora do blog Atalho Cognitivo e aluna da Pós-Graduação Estratégias de Comunicação em Mídias Sociais