Marcha (Foto: Tawany Marry/G1 MS)
Pessoas de todas as idades se reuniram na manhã deste sábado (18) em Campo Grande por uma luta em comum: a liberdade. Membros de aproximadamente 15 movimentos sociais, ambientais e culturais da cidade participaram da 'Marcha da Liberdade', que acontece hoje em cerca de 40 cidades brasileiras.
Um público, ainda tímido, começou a chegar a praça por volta das 9 horas, com cartazes e roupas irreverentes. O organizador do evento, o gestor cultural Victor Samudio, pensou até que a associação do evento com a 'Marcha da Maconha' fosse afastar as pessoas e temeu que poucos viessem. 'Todos os estados estão sofrendo com isso. Algumas pessoas não estão vindo a Marcha, pois acham que ela está ligada a maconha, mas não é isso', disse.
O organizador acabou sendo surpreendido com a participação de cerca de 200 pessoas, das 1.500 que confirmaram presença em uma rede social na internet. “Nós estávamos esperando umas 500 pessoas, atendeu as nossas expectativas e eu estou muito feliz com essa movimentação”.
(Foto: Tawany Marry/G1 MS)
A marcha começou às 10h30, os estudantes foram um dos grupos mais animados gritando frases de efeito como: “vem para a Marcha vem” e “você que está parado também é enganado”. A caminhada durou cerca de 30 minutos e passou pelas ruas 13 de maio, Barão do Rio Branco, 14 de julho e terminou na avenida Afonso Pena.
Após a Marcha, os participantes puderam conferir um show com as bandas Dead Cow, Gobstopper e com o músico Márcio de Camillo.
O movimento
As bandeiras levantadas pela marcha foram: a demarcação de terras indígenas, o novo Código Florestal, a questão dos migrantes, o direito da mulher, a homofobia, mais investimento em cultura, a violência contra as travestis, a descriminalização das drogas e os direitos dos estudantes. “Cada Marcha organizada hoje pelo país vai ter a sua cara, a nossa é definida pela cidadania e pela liberdade', disse Samudio.
banda larga (Foto: Tawany Marry/G1 MS)
Estudantes
Os estudantes participaram em peso na Marcha defendendo a destinação de 10% das verba pública para melhorias no setor da educação entre outros assuntos. A integrante do movimento estudantil, a estudante Taina Jara, pedia também por mais segurança na Universidade Federal do estado. “O direito de ir e vir tem que ser respeitado”.
Migrantes
A Pastoral dos Migrantes também pedia pelo direito de ir e vir do migrante. O grupo distribuiu panfletos que alertavam para a questão da migração e das mudanças climáticas. “A liberdade é isso, uma força de pessoas lutando junto”, disse Valdiza Carvalho, coordenadora da Pastoral.
manifestação (Foto: Tawany Marry/G1 MS)
Índios
A coordenadora das mulheres da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Arpipan), a artesão Silvana de Souza, levou um grupo de 20 índios da aldeia Marçal de Souza para a Marcha. Entre as questões que queria levantar estavam a demarcação de terras e a violência contra a comunidade indígena. “Não queremos só liberdade, mas também justiça”.
Descriminalização das drogas
A Marcha, conforme frisou o organizador, não era da maconha, mas alguns do presentes aproveitaram a oportunidade para pedir pela descriminalização da droga, entre eles o estudante Diogo Emanuel. “O usuário não deveria ser tratado como um criminoso, pois a droga hoje é uma questão de saúde pública”.
presença (Foto: Tawany Marry/G1 MS)
Cultura
A diretora teatral Andréa Freire por várias vezes tomou o microfone na mão para pedir melhorias para a educação. “Precisamos de uma maior verba para a cultura e não apenas R$ 1 milhão. Nosso profissionais querem trabalhar aqui no estado e não irem para fora”, dizia ela.
A aposentada Maria Arruda estava passando pela praça naquele momento e nem sabia o que estava acontecendo, mas quando ouviu a palava cultura resolveu subir tomar a palava e pedir mais valorização para a cultura do estado. “Eu estou tentando escrever um livro junto com meu marido e vejo como é difícil conseguir patrocínio para isso. Precisamos mudar essa situação”.
Meio Ambiente
O ambientalista Eduardo Romero estava com um grupo de 30 pessoas que pedia pela manutenção da vida e da biodiversidade no Pantanal, além da reflexão das questões que envolvem o novo Código Florestal. “A Marcha nos dá a possibilidade aumentar a nossa voz para pedir a garantia da manutenção do Meio Ambiente”.
LGBT e ATMS
Cerca de 30 pessoas do movimento LGBT e da Associação das Travestis de Mato Grosso do Sul (ATMS) marcharam contra a homofobia. “Não viemos aqui para discutir quem é contra ou a favor de algo e sim que somos todos iguais independente de qualquer coisa”, disse Cris Stefanny, presidente da entidade.