• Lucas Alencar*
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Paisagem da Depressão de Danakil, na Etiópia (Foto: Reprodução)

Paisagem da Depressão de Danakil, na Etiópia (Foto: Reprodução)

A Depressão de Danakil é certamente um dos lugares mais bizarros da Terra. Encravada no Deserto de Danakil, na Etiópia, esta região tem temperaturas muito quentes, que podem chegar a 60ºC, e uma das atividades vulcânicas mais ativas do planeta, além de ser composta de formações de sal, sulferetos e enxofre. Assustador, não?

A 600 quilômetros do deserto, na capital Addis Ababa, os efeitos de Danakil ainda podem ser sentidos. Nos arredores da cidade, há fontes termais de água fervente que exalam cloro tóxico e vapores ricos em enxofre, fazendo tudo ficar com um cheiro particularmente desagradável.

Neste lugar inóspito, será possível conseguir conhecimento de incalculável valor, apontam alguns cientistas, principalmente porque o ambiente da Depressão de Danakil se parece muito com o solo e as condições adversas de outros planetas.

Confira abaixo como o lugar parece ser o cenário de algum apavorante filme de ficção científica:

Mas o que há de mais estranho sobre a Depressão de Danakil não é a falta de hospitalidade humana do lugar, mas o fato de que a ciência demonstrou pouquíssimo interesse em estudar este estranha região.

Inconformado com isso, o pesquisador espanhol Felipe Gómez, do Centro de Astrobiologia da Nasa, pediu que a agência espacial montasse uma expedição para estudar as condições da Depressão de Danakil. O pedido foi atendido e, no início de abril, Gómez se tornou o líder da primeira expedição que estudará este lugar peculiar.

Apesar do pouco tempo de pesquisa, alguns resultados já foram apresentados por Gómez e seu time. Neste primeiro momento, a equipe recolheu amostras e mediu a temperatura, a umidade, o pH e os níveis de oxigênio de diversos pontos da região, e coletou também bactérias que habitam Danakil. De volta aos Estados Unidos, os pesquisadores já estão analisando as amostras, mas pretendem retornar mais algumas vezes à Etiópia.

“Existe apenas algumas publicações científicas, mas não há nenhuma descrição biológica da região, então estamos genuinamente explorando um lugar novo, do ponto de vista científico”, conta Gómez. “É um lugar incrível, mas também muito hostil. As temperaturas, por exemplo, chegam aos 42º durante os dias mais amenos e aos 30º durante a noite, mas os vapores deixam tudo sempre muito, muito quente. Qualquer microrganismo que consiga viver nestas condições é de muito interesse científico”, contou o pesquisador sobre suas primeiras impressões de Danakil.

Enquanto aguardamos mais resultados da pesquisa deste lugar estranhíssimo, confira mais um vídeo sobre a Depressão de Danakil:

*Com supervisão de Cláudia Fusco