tapetes de trapos presos

tapete de trapos presos
Postal editado pela Associação Etnográfica do Montemuro

Fiquei a conhecer esta técnica no ano passado, por a ver referida no interessantíssimo livro de Glória Marreiros Viveres, saberes e fazeres tradicionais da mulher algarvia (1995). A autora explica que se fazia com os trapos mais pequenos e linha reaproveitada de meias desfeitas. Descreve-a assim (p. 45):

Começa-se por uma carreira de malha de liga, na segunda carreira o trapinho é preso pelo meio ficando com as duas extremidades livres, fazem-se mais malhas e volta a prender-se novo trapinho. A seguir fazem-se mais duas voltas de malha de liga sem prender trapilhos e na terceira volta, repete-se a prisão dos trapinhos de tecidos e assim sucessivamente.

Uns meses depois, a Margarida partilhou imagens de uma senhora algarvia (Almerinda Neves) a fazer um destes tapetes durante a Fatacil. Por não conhecer outros exemplos, foi com surpresa que descobri estes mesmos tapetes usados como mantas no museu do Mezio. A D. Lurdes, que orienta os visitantes, contou-me a mesma história de reaproveitamento (agora diz-se upcycling): nesta malha, feita também ali muitas vezes com linha de meias desfeitas, eram usados apenas os trapos que já não tinham largura que chegue para serem cosidos. Fica-se a pensar nos séculos de linho e lã e no contraste (e garridice, como se dizia dantes) que as chitas estampadas devem ter trazido à s aldeias a partir do século XIX. E será que a técnica é conhecida ou usada noutras regiões também? E noutros países?

A execução é muito simples, apesar de as peças se irem tornando bastante pesadas à  medida que crescem: cortam-se os retalhos em tiras com cerca de 3cm de largura e prendem-se na malha como as imagens mostram. As duas últimas imagens são deste cobertor.

malha de trapinhos

malha de trapinhos

malha de trapinhos

malha de trapinhos

malha de trapinhos

malha de trapinhos

Comments

18 responses to “tapetes de trapos presos”

  1. Kelly Avatar

    Olá !!!

    Voltei correndo para aprender a técnica – gosto muito de artesanato e aprender coisas que outras gerações faziam, para mim é o máximo.

    Achei incrível que fica trapinho (tirinha) fica preso a malha, de uma maneira tão simples.

    Tenho muitas tirinhas de tecido, que são resultado dos meus artesanatos de fuxico. Vou testar a técnica brevemente, e volto aqui para contar o resultado. Também vou pesquisar se essa técnica, ou alguma parecida existe aqui no Brasil.

    Um bjo
    Admiro muito vc, seu trabalho e gosto muito do seu blog!
    Kelly

  2. Andreia Avatar

    Que lindo!

  3. Rita Rodrigues Avatar
    Rita Rodrigues

    No Hotel Caminhos de Santiago (http://www.hotelcaminhosdesantiago.pt/ )existem uma série de peças a decorar o interior do edíficio que julgo serem feitos com a mesma técnica, vou ver se encontro as fotos para te enviar,
    Beijinhos.

    1. LYNNE STEIN Avatar

      Hi Rita,
      I should be SO interested in seeing photos of the pieces you mention at this hotel. As you will see from my website, I am a designer/maker myself, and am currently researching for a recently commissioned book on Rag Rugs.I’m especially interested in looking at current/recent practice and innovation worldwide.Any information therefore would be very gratefully received.
      I look forward to hearing from you. Very best wishes,
      Lynne.

  4. maria Avatar
    maria

    rosa a minha avó materna fazia desses tapetes assim como as alcofas sacos e tapetes em plma, ainda aprendi a fazer as tiras de palma para os sacos e tapetes e ía com ela pelos campos fora apanhar as palmas tratá-las pô-las a secar etc etc, foi bonito ! é pena que ela já cá não esteja – morreu com 98 anos & tinha o pensamento intacto – porque senão levaría-te até sua casa para tu a conheceres :)

  5. Sonia Sapinho Avatar

    O avesso é lindo!

  6. rita Avatar

    e até do avesso é bonito!

  7. Samya Avatar

    Rosa, tudo bem? Aqui no brasil se faz muitos tapetes com tirinhas de malha também so que são costuradas e nunca as vi com o tricot. E lindo, vou experimentar.
    Abraços

  8. Carla Valverde Avatar

    Muito lindo, adorei, fiquei á espera deste aquele post em que falavas desta técnica que realmente é mesmo bonita! Obrigada por partilhares!

  9. teresa Avatar

    Obrigada Rosa , ao tempo que andava para descobrir como isto se fazia, muito, muito obrigada pela partilha.
    Teresa

  10. Bolha de arte Avatar
    Bolha de arte

    Rosa, vi um video na net já há algum tempo em que esta técnica era ensinada para fazer cachecóis volumosos. Em inglês, mas não estou a encontrar. A ideia que era transmitida é que era uma técnica nova e invulgar. Curioso! Deviam ter vindo a Portugal… ou ler aqui o blog :)
    Obrigada pela transmissão da técnica e sobretudo pelo que são as raízes de muitos de nós. :)

  11. flowersonmymind Avatar

    Gosto de passar pelo teu blog……´vejo coisas de que já gosto há muitos anos!!!!! Boa ideia este sitio. É poético. E eu gosto da poesia…..e das tuas cores!!!!!!

  12. Rita Quintela Avatar

    Pensei que era muito mais difícil…

  13. LynnH Avatar

    This is wonderful. So many things it could make! Thank you!

    LynnH in Lansing, Michigan, USA

  14. Ana Machado Avatar
    Ana Machado

    Bom dia Rosa.
    Tens ideia do formato e tamanho dos trapinhos?
    Queira experimentar em aplicação na roupa.
    Obrigada.
    Ana

    1. Rosa Pomar Avatar

      Ana, depende da espessura do fio e do efeito que se pretenda, mas diria que de comprimento precisam no mínimo de uns 7cm e de largura 3.

  15. […] ser exposto? Têm algum daqueles tipo oriental ou vintage, de família? Também consigo imaginar um daqueles tapetes de trapos presos, colorido ou numa só cor com puxadinhos , bem típicos do nosso […]

  16. Maria Elisa Avatar
    Maria Elisa

    Rosa,
    Estou super contente por ter encontrado a técnica dos tapetes de trapos. Tenho 66 anos e lembro-me em miúda de ter feito 2 tapetes com esta técnica. Na altura era muito comum serem usados como tapetes para as máquinas de costura (antigas). Vou tentar fazer novamente, porque este trabalho deixou-me muito boas recordações dos serões de inverno no nosso Algarve.

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