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“Ring the bell that still can ring, forget your perfect offering. There is a crack, a crack in everything. That’s how the light gets in”
(Soe o sino que ainda pode soar, esqueça a sua oferenda perfeita. Existe uma rachadura em tudo. É o lugar por onde passa a luz. Leonard Cohen

Tendemos a valorizar a padronização, a precisão, a acuidade, e todas as qualidades que nos remetem a idéia de perfeição.

Não é possível não errar, somos falhos por natureza, a própria natureza “escreve certo por linhas tortas”. Do erro vem a variação dos genes e a diversidade aumenta as possibilidades de sobrevivência.

Errar nos faz humanos.

As pessoas que se destacam das outras chamamos de gênio. Os gênios têm aura de intocáveis, parece que nasceram com uma estrela diferente, nunca erraram e são feitos da matéria que se fazem os deuses.

O gênio simplesmente é, nasceu pronto.

Essa visão simplificada nos impede de ver todas as implicações que estão por trás de sua trajetória até chegar a dominar ou revolucionar o objeto de sua dedicação.

Um famoso professor de desenho dizia a seus alunos: “Vocês tem 10.000 desenhos ruins dentro de você. O que estão esperando pra começar a desenhar?”

O maior aliado de um gênio é o erro. A tentativa e o erro. Tanto erros que cometemos quanto a observação do erro dos outros.

O gênio é o que persiste, desconfia de suas próprias certezas errando de formas diferentes, ultrapassando as criticas e autocríticas até atingir um resultado além do satisfatório, mas ainda assim passível de erros.

No período medieval dizer que a terra gira em torno do sol era um erro, assim como era um erro dizer que o homem pode voar.

Se não tivéssemos pessoas que arriscassem tudo pelo “erro” que acreditavam, estaríamos ainda na idade das trevas.

Hoje vemos essas conquistas como um fato consumado, mas na época todas as implicações políticas e religiosas envolvidas eram extremamente sérias.

Aquele que defendesse um argumento fora da norma tinha o risco de perder a credibilidade e muitas vezes a vida.

Um erro muito comum e que é catastrófico no desenvolvimento das crianças é encarar o erro como uma espécie de crime a ser punido. O momento do erro é precioso para rever conceitos e para uma maior compreensão e crescimento na formação da criança.

Por sermos censurados quando crianças, nós aprendemos a sermos censores e críticos impiedosos quando se trata de julgar o erro do outro.

Além disso, quem lida bem com seus próprios erros e não se apressa em se autocondenar, tem a capacidade de enxergar o erro do outro como um importante passo em direção a excelência.

O erro nunca é inútil, o simples reconhecimento do erro mostra a possibilidade do seu oposto.

Muitos dos inventos mais importantes vieram do engano e do acaso. A originalidade se percebe quando se interrompe um padrão repetido a exaustão e de repente desponta o diferente. Muitas vezes o diferente é visto como erro, como falha do sistema, como incongruência.

O que poucas vezes nos damos conta que a imperfeição não é uma simples quebra da norma, mas a rachadura pela qual a luz pode entrar.

Leonard Cohen é um cantor, compositor, poeta e novelista canadense. Ele é considerado como um dos melhores compositores contemporâneos de língua inglesa.

Fiquemos com a bela canção “Anthem” cujo refrão citamos ao inicio desse artigo: 

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