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Síndrome da morte súbita infantil

bebê de barriga para cima no berço seguro
Foto: Flashstock
A síndrome da morte súbita infantil, ou síndrome da morte súbita do lactente (também conhecida como "morte do berço" ou Sids, da sigla em inglês), não é uma doença específica.

Trata-se de um diagnóstico que os especialistas dão quando um bebê aparentemente saudável morre sem explicação. Quando nem os médicos nem a autópsia conseguem explicar a causa da morte, ela é classificada como morte súbita. A grande maioria dos casos atinge bebês com menos de 6 meses de idade.

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A síndrome ainda é um mistério para os médicos. No Hemisfério Norte, ela parece ser mais comum que no Brasil, embora exista a possibilidade de aqui os casos não serem adequadamente registrados para fins estatísticos, já que o registro exige a realização de necropsia.

Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 1600 bebês morrem por ano dentro das características da síndrome. A maioria das mortes acontece durante o sono, à noite, mas nos EUA entre 15 e 20 por cento dos casos ocorrem ao longo do dia em creches, escolinhas e berçários. Por isso é importante garantir que as regras de segurança no sono estejam sendo cumpridas nesses locais.

Vale ressaltar também que bebês também correm risco, durante o sono, de acidentes como sufocação e estrangulamento. Há medidas que podem reduzir os riscos, inclusive no caso de cama compartilhada.

Por que a morte súbita acontece?

Ninguém sabe explicar ainda por que esses bebês morrem. Os especialistas acreditam que seja uma combinação entre uma predisposição do bebê (como anormalidades ou imaturidade nos sistemas cardíaco, respiratório ou da regulação do despertar) e a exposição a um ambiente desfavorável (como dormir de bruços ou ser agasalhado demais), num período específico do desenvolvimento.

Estudos demonstraram que níveis inadequados de serotonina no cérebro podem deixar um bebê mais vulnerável à morte súbita. A serotonina ajuda a regular a respiração, o ritmo cardíaco e a pressão arterial durante o sono.

Pesquisas continuam sendo feitas, no cérebro, no sistema nervoso e em relação ao ambiente em que o bebê é colocado para dormir, a infecções, imunidade e genética, para tentar descobrir por que crianças aparentemente saudáveis morrem sem explicação.

Quando a morte súbita acontece?

A morte súbita acontece com mais frequência durante o sono noturno, mas não necessariamente. Pode ser durante a noite, no berço, mas pode ser também numa soneca de dia, no carrinho ou até no colo dos pais. Além disso, a morte súbita é mais comum no clima frio, embora os especialistas não saibam bem por quê.

Há bebês que correm mais risco que outros?

Há alguns outros fatores que parecem elevar o risco de morte súbita:

  • Ser menino: a incidência é ligeiramente maior em meninos (cerca de 60 por cento dos casos)
  • Ter nascido prematuro (antes de 37 semanas de gestação)
  • Ter nascido com baixo peso (menos de 2,5 kg)
  • Mãe do bebê ter menos de 20 anos
  • Ser irmão ou irmã de um bebê que morreu de morte súbita

O que posso fazer para reduzir o risco de morte súbita?

Como ainda não se sabe exatamente o que causa a sindrome da morte súbita do lactente, não há maneira garantida de impedi-la, embora algumas simples providências pelo menos diminuam os riscos.

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As mesmas medidas de segurança citadas abaixo ajudam a reduzir o risco de outras formas de morte de bebê relacionadas ao sono, como por sufocamento ou estrangulamento

Veja as recomendações dos especialistas:

Ponha o bebê para dormir de barriga para cima

Este é o ponto mais importante. Antigamente se recomendava que os bebês dormissem de lado, mas pesquisas já demonstraram que bebês saudáveis não correm o risco de engasgar se dormirem de barriga para cima.

Não coloque o bebê de lado, porque eles facilmente acabam de barriga para baixo

Quando chegam mais ou menos aos 6 meses, os bebês começam a se virar sozinhos, e não dá mais para controlar a posição. Mas, a essa altura, o risco de morte súbita já caiu bastante, e você pode deixá-lo dormir na posição que ele escolher.

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Na hora de colocá-lo no berço, porém, continue acomodando-o de barriga para cima. Se isso trouxer tranquilidade, vire-o delicadamente se o "pegar" dormindo de bruços, mas não é preciso ficar vigiando seu filho a noite toda.

Não use cobertas, travesseiro, almofadas nem protetor de berço

É mais seguro não usar cobertores e cobertas para o bebê dormir. Caso esteja frio, uma opção para bebês de até uns 2 meses é enrolá-lo usando a técnica do casulo (sempre colocando-o de barriga para cima).

Veja aqui como saber se o bebê está com frio ou calor.

Protetores de berço não são mais aconselhados pelos especialistas. Acredita-se que eles não sirvam para prevenir acidentes. Eles podem, por outro lado, acabar causando sufocamento ou estrangulamento se a cabecinha do bebê ficar presa entre o protetor e o colchão, além de não deixar o ar circular livremente dentro do berço.

Use um colchão ou superfície firme

O colchão deve ser firme, próprio para berço e com apenas um lençol por cima (de preferência com elástico para prender melhor em volta do colchão). Colchões e superfícies "fofinhas" ou moles demais não são adequados para o bebê dormir. Por isso, evite adormecer com o bebê no colo e não o coloque para dormir em sofás fofos. O cuidado com o colchão é ainda mais importante com bebês de mais de 6 meses que "decidem" dormir sempre de bruços.

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Não deixe o bebê dormir em posições que afetem a respiração

Especialmente com bebês de menos de 4 meses, não deixe que a criança durma por longos períodos no bebê-conforto, em cadeirinhas de descanso, num carrinho, sling ou canguru em que a cabeça fique inclinada para a frente. Sempre que possível, transfira o bebê para uma superfície reta. Se usar um carregador de bebê, tenha a certeza de que o nariz e a boca do bebê estão livres.

Não exponha o bebê à fumaça do cigarro

A morte súbita é mais comum em bebês cujas mães fumavam ou em crianças que foram expostas ao cigarro, seja durante a gravidez ou depois. Bebidas e drogas na gestação também elevam os riscos.

O bebê será exposto à fumaça mesmo que uma pessoa fume em outro ambiente da casa, com as janelas abertas. Peça às visitas que não fumem na sua casa, e não leve o bebê a lugares onde haja muita fumaça de cigarro.

Não agasalhe demais o bebê

Vista o bebê com camadas de roupas (body, macacão e casaquinho, por exemplo), porém tenha cautela para não exagerar nas vestimentas. Estudos ligaram o excesso de agasalhos e o superaquecimento do bebê à morte súbita. Coloque a mão na barriga do bebê ou no pescoço dele para ver se ele está quentinho o suficiente.

Se ele estiver muito quente, suando ou com brotoejas, tire uma camada de roupa. Não se guie pelas mãos ou pelos pés dele -- é normal que as extremidades dos bebês sejam mais frias que o resto do corpo.

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Não use nenhum tipo de colar ou corrente no bebê

Qualquer corrente ou colar (como o colar de âmbar) no pescoço do bebê traz risco de sufocação durante o sono. O mesmo vale para cordões de roupas, almofadas ou brinquedos que possam estar próximos ao bebê.

Leve seu filho com frequência ao pediatra

Mantenha as vacinas em dia (confira o calendário de vacinas do BabyCenter) e procure orientação médica se seu bebê estiver doente. A amamentação comprovadamente reduz o número de infecções em bebês, e pode contribuir para diminuir o risco de morte súbita.

Outras recomendações

A Academia Americana de Pediatria recomenda que o bebê durma no mesmo quarto dos pais, à noite, pelos primeiros seis meses de vida, e de preferência por todo o primeiro ano. A recomendação, porém, não inclui dormir na mesma cama que o bebê.

É possível que parte da motivação da recomendação seja o fato de os pais terem maior controle sobre a temperatura do quarto, principalmente em países de clima frio, onde o uso do aquecedor é frequente.

A mesma Academia Americana de Pediatria recomenda o uso de chupeta durante o sono durante o primeiro ano de vida, porque alguns estudos mostraram uma correlação entre o uso de chupeta e uma incidência menor de morte súbita, embora não tenha sido determinada uma relação de causa e efeito.

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Segundo a recomendação da AAP, não é necessário se preocupar em recolocar a chupeta na boca da criança se ela cair durante o sono.

Especialistas, entre eles o Ministério da Saúde brasileiro, advertem porém que o uso da chupeta pode prejudicar a amamentação, ao afetar a eficiência da sucção pela confusão de bicos.

O que faço quanto às sonecas durante o dia?

Pesquisas recentes indicam que as orientações de segurança devem ser seguidas também durante as sonecas, em especial a sobre dormir de barriga para cima e de limitar a roupa de cama.

Nos primeiros seis meses do bebê, vale a pena ficar por perto durante as sonecas, dando uma espiadinha de vez em quando, afirmam os especialistas.

Adianta colocar monitor que avisa se o bebê para de respirar?

Não há nenhuma prova científica de que esses aparelhos realmente evitem a morte súbita. Não se sabe até que ponto é possível reanimar um bebê no caso de morte súbita.

Esse tipo de aparelho, no entanto, pode ser recomendado pelo pediatra se a criança já tiver passado por algum incidente com a respiração ou se tiver alguma condição que eleve os riscos de morte súbita.

É seguro levar o bebê para a minha cama?

O lugar considerado o mais seguro para o bebê dormir até os 6 meses é num berço, que pode estar no mesmo quarto dos pais.

Dormir na mesma cama com o bebê pode ser mais arriscado principalmente se você e seu parceiro forem fumantes, tiverem o sono pesado demais ou estiverem tomando algum medicamento para dormir.

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O risco também é mais elevado quando o bebê tem menos de 4 meses e se há cobertores e travesseiros na cama. Além disso, o risco cresce se o bebê for prematuro ou tiver nascido com menos de 2,5 kg.

Leia mais sobre os riscos e cuidados a tomar quando se compartilha a cama com o bebê.

Como não ter medo de que algo aconteça ao bebê?

Converse com o pediatra para tirar todas as suas dúvidas e siga as medidas de segurança recomendadas por ele.

O risco de morte súbita existe, mas é muito pequeno, e é apenas mais um dos riscos a que seu filho estará sujeito ao longo da vida. Temer que algo aconteça com o filho é parte inerente da maternidade e da paternidade.

Mas, se o medo estiver grande demais, atrapalhando sua vida, vale a pena procurar alguma outra ajuda médica, seja do seu ginecologista ou de outro especialista. Às vezes, o medo excessivo pode ser sinal de depressão.

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Karisa Ding
Karisa Ding é jornalista e editora com experiência em questões de gravidez, fertilidade e bebês.