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Comissária de polícia renuncia após tuítes polêmicos escritos aos 14 anos

Paris Brown, 17, enfrenta repórteres após seus tuítes serem divulgados; jovem apagou a conta no Twitter - Gareth Fuller/AP
Paris Brown, 17, enfrenta repórteres após seus tuítes serem divulgados; jovem apagou a conta no Twitter Imagem: Gareth Fuller/AP

10/04/2013 07h44

A primeira comissária de polícia para a juventude na Grã-Bretanha, Paris Brown, de 17 anos, renunciou ao cargo após a polêmica causada por comentários supostamente racistas e homofóbicos feitos em sua conta de Twitter quando ela tinha entre 14 e 16 anos.


Em um desses comentários, Paris teria dito que, quando está bêbada, é alegre e inclusiva ou, mais frequentemente, antissocial e racista. Em um outro tuíte, usando palavrões, ela diz que todos no elenco de um programa de TV britânico parecem ser gays.

Paris negou ser racista ou homofóbica e pediu desculpas a quem possa ter ofendido ao anunciar que deixaria o cargo nesta semana. A jovem no centro da polêmica foi descrita por alguns como vítima de um processo falho de seleção da polícia do condado de Kent e também de uma atenção indevida da mídia para uma adolescente que faz parte de uma geração que vive boa parte da vida online.

Paris é alvo agora de uma investigação que tentará determinar se cometeu crime de racismo ou homofobia com os comentários online.

Privacidade
O caso, que ganhou destaque na imprensa britânica, chama atenção para questões de privacidade na internet, principalmente, quando dizem respeito a menores de idade.

A UE (União Europeia), por exemplo, discute uma proposta de lei conhecida como "direito ao esquecimento". Segundo a proposta, indivíduos poderiam solicitar a empresas de redes sociais como o Twitter para que seus todos os seus dados fossem retirados dos servidores.

Estas empresas teriam de acatar tais pedidos, a não ser que alegassem haver razões "legítimas" para não fazê-lo.

Uma porta-voz da Comissão de Justiça Europeia, Viviane Reding, disse à BBC que a proposta, divulgadas no ano passado, foi criada pensando nos jovens.
Paris Brown encerrou sua página no Twitter após o escândalo, mas os posts polêmicos, que incluem ainda referência a uso de drogas e sexo, continuam disponíveis em outras plataformas.

'Exagero'
O caso teve grande repercussão pois a jovem foi a primeira a ocupar o recém-criado cargo - no condado de Kent - para trabalhar como uma espécie de ponte entre a polícia local e os jovens.

Em um comunicado oficial antes da renúncia, Paris Brown negou ser racista, homofóbica, pró-violência ou de fazer apologia das drogas. Ela diz que seus tuítes foram "estúpidos e imorais".

"Se sou culpada de alguma coisa, é de ter me exibido e de exagerar coisas no Twitter, e estou com muita vergonha de mim mesmo, mas não posso imaginar que fui a única adolescente a ter feito isso", comentou.

Ao fazer comentários públicos sobre o caso, na segunda-feira (8), Paris Brown chegou a chorar diante das câmeras.

Em defesa da jovem, a comissária de polícia afirmou que ''jovens cometem erros". "Os tuítes foram "uma desgraça, ela [Paris] está envergonhada e eu estou envergonhada por ela", disse Ann Barnes. “A única desculpa que darei é que ela escreveu os comentários em sites de redes sociais quando tinha entre 14 e 16 anos e jovens cometem erros.”