Política Eleições 2010

Amaury Ribeiro Jr. e Erenice Guerra prestam depoimento na Polícia Federal de Brasília

BRASÍLIA - O jornalista Amaury Ribeiro Jr. e a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, foram convocados pela Polícia Federal nesta segunda-feira para prestarem depoimento na Superintendência da PF em Brasília. Ela é investigada por causa de um esquema de tráfico de influência na Casa Civil , que envolve também o filho dela, Israel Guerra. Já o jornalista Amaury Ribeiro Jr. deve ser indiciado pela compra de dados sigilosos de tucanos na Receita Federal. Após quase quatro horas de depoimento, Erenice deixou a PF sem falar com a imprensa.

( Entenda o escândalo da Casa Civil )

( Veja a cronologia do escândalo da Receita Federal )

Segundo as investigações, Amaury pagou R$ 12 mil por declarações de renda de pessoas ligadas ao PSDB, como o presidente do partido, Eduardo Jorge, e a filha do candidato José Serra, em setembro e outubro do ano passado, quando trabalhava para o jornal "O Estado de Minas". Em abril desse ano, ele foi chamado para trabalhar na pré-campanha da candidata do PT, Dilma Rousseff.

A expectativa de indiciamento é do próprio advogado do jornalista, Adriano Bretas, que se refere ao indiciamento como positivo.

- O último depoimento de Amaury foi há cerca de dez dias. Se o estão chamando outra vez, é um sintoma de que será indiciado. Isso é muito bom, pois assim ele passa a ser investigado e pode provar que não pediu quebra de sigilo - afirmou o advogado.

A Polícia Federal vinha adiando o indiciamento do jornalista como estratégia para que ele colaborasse com as investigações. Na oitiva desta segunda-feira, poderá ficar mais claro se Amaury atuou sozinho ou a mando de alguém ao comprar os dados.

(Leia também: O Globo obtém acesso ao depoimento do jornalista Amaury Ribeiro Jr. )

Nos seus depoimentos, o despachante Dirceu Rodrigues Garcia afirmou ter recebido, no ano passado, R$ 8,4 mil pelas informações de pessoas ligadas ao candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Em setembro, depois de ser iniciada a investigação do caso, o jornalista teria pago um "auxílio" de R$ 5 mil ao despachante. Os depósitos foram feitos em uma agência do Bradesco em Brasília que fica próxima à Lanza Comunicação, empresa que prestou serviços à pré-campanha de Dilma Rousseff.

Amaury Ribeiro Jr. viajou a São Paulo, onde se deu a negociação, com passagens compradas pelo funcionário do jornal "Estado de Minas" Marcelo Augusto de Oliveira, que não foi ouvido pela PF. Ele trabalha para a diretoria e, entre outras tarefas, cuida das despesas de viagem de repórteres.

O GLOBO apurou que, chamado a depor, o funcionário do jornal mineiro confirmará que adquiriu as passagens para prestar um favor pessoal a Amaury, e não a pedido da empresa. A informação é confirmada por fontes do jornal e por pessoas próximas a Amaury.

Na época, o jornalista estava em férias e, nos depoimentos anteriores, afirmou que trabalhava por conta própria. Amaury Ribeiro Jr. nega que tenha encomendado dados sigilosos, mas, sim, apenas informações da Junta Comercial.

O depoimento da ex-ministra Erenice Guerra é aguardado com apreensão pelos petistas na reta final da campanha. Acusado de cobrar propina para facilitar negócios de empresas privadas com o governo , tendo o aval da mãe, o filho dela, Israel Guerra, e outros envolvidos optaram por se manter em silêncio diante dos investigadores.