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11/02/10 - 16h58 - Atualizado em 11/02/10 - 22h32

‘Foi uma brincadeira que saiu de controle’, diz 'criador' do Orkut Ouro

Mensagem falsa oferecia acesso a fotos bloqueadas por usuários.
Jovens podem responder na Justiça por brincadeira.

Gustavo Petró e Mirella Nascimento Do G1, em São Paulo

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Uma brincadeira criada durante uma madrugada de tédio pelo estudante gaúcho Pedro Vanzella, de 19 anos, tomou proporções inesperadas na web e pode até virar caso de Justiça.

Uma mensagem falsa sobre o lançamento de uma conta especial do Orkut circulou nesta quinta-feira (11) na internet e foi parar entre os tópicos mais comentados do Twitter. Chamado de Orkut Ouro, o suposto serviço do Google não passou de uma piada do estudante de Engenharia da Computação.

“Eram 3h da manhã e eu estava entediado. Resolvi criar um álbum no Orkut com fotos bloqueadas, dizendo que só poderiam ser vistas por quem tivesse o Orkut Ouro. A ideia era provocar meus amigos, fazer com que perguntassem o que era aquilo. Nos Estados Unidos, existem piadas com o Facebook Gold e o 4 Chan Gold. Tinha certeza de que as pessoas iriam entender”, disse o estudante em entrevista por telefone ao G1

 

Foto: Reprodução

Site falso oferecia uma conta especial do Orkut. (Foto: Reprodução)

Depois de alguns comentários na rede social e no Twitter, um amigo de Pedro publicou a mensagem em seu blog. Empolgado com a brincadeira, o jovem fez o mesmo em sua página pessoal, adicionando um pedido de senha para que o suposto serviço fosse habilitado.

 

Mas ainda na madrugada, mais de dez pessoas levaram a piada de Pedro a sério e enviaram e-mails com os dados pessoais para o estudante. “Quando vi que as pessoas tinham levado a sério, publiquei uma mensagem dizendo que não seria necessário mandar senha. Eu não tinha nenhuma utilidade para aquelas senhas”, relatou.

  

Mais de cem pessoas enviaram dados

Ao longo do dia, depois que o assunto foi espalhado pela web, Pedro recebeu mais de cem e-mails com os dados pessoais de usuários que queriam assinar o suposto serviço. “O que é alarmante. Se essas pessoas liberam a senha do Orkut, daqui a pouco estão passando a do cartão de crédito. O que era uma brincadeira acabou virando um alerta sobre segurança”, analisa Pedro, que afirma ter apagado as mensagens. Orientado por um advogado, à tarde o jovem publicou pedidos de desculpas no blog e no Twitter. “Foi uma brincadeira que saiu de controle”, afirmou.

Uma das pessoas que ajudou a divulgar a brincadeira pela web foi o programador Rodrigo Schiafino, de 21 anos. Depois de entrar em contato com Pedro, ele criou o domínio www.orkutouro.com.br (o link já foi retirado do ar). Em entrevista por e-mail, Rodrigo disse que só quis levar a brincadeira adiante. “Nunca imaginava que a brincadeira pudesse ir tão longe”, disse.

Depois da repercussão na web, Rodrigo tirou o site do ar. “O site não pedia nenhum dado dos usuários nem solicitava valor em dinheiro. Além disso, nenhuma forma de contato era disponibilizada”, afirmou. 

 

Jovens cometeram crimes, diz advogado

O diretor de comunicação do Google no Brasil, Félix Ximenes, disse por e-mail que não pode detalhar os procedimentos que estão sendo adotados pela companhia, mas que age “sempre que há violação das nossas marcas ou quando o ato oferece risco para os nossos usuários, indiferentemente se é uma brincadeira ou não”. 

 

 

  • Aspas

    Eles utilizaram a marca do Orkut indevidamente, induzindo terceiros a confusão"

De acordo com o advogado especialista em direito eletrônico Rony Vainzof, os jovens cometeram dois crimes: o de violação de marca e o de falsa identidade. “Eles utilizaram a marca do Orkut indevidamente, induzindo terceiros a confusão”, explicou em entrevista por telefone ao G1.

 

“Como é um crime de iniciativa privada, o próprio detentor da marca precisa propor ação criminal se achar pertinente. Se por meio dessa mensagem eles [os jovens] conseguiram ter acesso às senhas e entraram em algum perfil para alguma prática, pode caracterizar o crime de falsa identidade”, afirma Vainzof.

As penas para ambos os crimes variam de três meses a um ano de detenção. “Normalmente, quando o crime apresenta grave ameaça e os réus são primários, há uma opção que acaba resultando na compra de cestas básicas ou na prestação de serviços para a comunidade”.

Para o advogado, este caso mostra que a internet não é um mundo sem lei. “Temos muita política de inclusão digital como um todo, mas é necessária a educação e a conscientização dos usuários”, afirma. “Em, razão do crescimento desses casos, é preciso que a população tenha conhecimento dos riscos da internet como de qualquer outro meio eletrônico”.  

 

 

  • Aspas

    Eu pensei que as pessoas iriam perceber que era mentira"

Na internet, qualquer pessoa com um CPF válido pode criar um registro de um site. “O registro de domínio é um registro de cunho público declaratório", explica Frederico Neves, diretor de serviços e tecnologia do NIC.br, braço executivo do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). "Não é feita nenhuma verificação se este nome infringe o direito de um terceiro e se ele é uma palavra ofensiva. Se alguém faz uma reclamação referente à falsidade dados do usuário, temos um procedimento administrativo, solicitando que a pessoa envie documentação para verificarmos”.

Algo comum de acontecer com o registro é o roubo de documentação. “Fazemos uma verificação junto à Receita Federal para conferir se o CPF e o CNPJ são realmente verdadeiros e se não houve um erro de digitação”, explica. “Não vai ser uma verificação de dados que irá impedir o mau uso do domínio. A responsabilidade do domínio é do usuário”. 
 

O "criador" do Orkut Ouro ainda se diz surpreso com a reação. "Eu pensei que as pessoas iriam perceber que era mentira. Nenhuma empresa pede senha desse jeito. O pedido era justamente para comprovar que era piada. Tudo era piada: o álbum no Orkut, a mensagem no blog, os tweets. Todo mundo que me segue no Twitter e estava passando adiante sabia que era piada”, afirma Pedro Vanzella. 

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