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04/02/10 - 08h00 - Atualizado em 04/02/10 - 12h31

Opinião: Todo ano há debate sobre o trote, mas nada muda

Momento de alegria como aprovação no vestibular não precisa ser sisudo.
Brincadeira, porém, tem de estar dentro do limite do aceitável.

Ana Cássia Maturano Especial para o G1

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(Arte/G1)

É tempo de alegria. As universidades começaram a divulgar os nomes dos aprovados em seus vestibulares. A expectativa se mistura com prazer e agonia para ver o nome em alguma lista. Para aqueles que garantiram sua vaga, uma nova etapa começa. Como há mais concorrentes que vagas, muitos terão que esperar os próximos exames. Nem por isso devem desanimar – não é sempre que dá. Passar no vestibular não é tarefa simples, principalmente nas principais instituições.

 

A alegria dos aprovados muitas vezes é quebrada por tristeza, desilusão, danos físicos e psicológicos. Sim, estamos falando dos trotes estudantis, quando alunos veteranos das faculdades recepcionam os novos – calouros ou “bixos” - com brincadeiras.

 

Os trotes são uma forma de ritual de passagem, que no caso simboliza a entrada no mundo das profissões e, consequentemente, na esfera adulta da vida.
Porém, há uma preocupação com essas brincadeiras: nos últimos tempos, os trotes se transformaram em ações perversas, que chegam a machucar e a humilhar os alunos novos. Como se o simples fato de um estudante estar um ou dois anos a mais na faculdade fizesse dele um ser superior e dotado de direitos sobre o outro.

 

Ano passado, muitos casos assim foram divulgados pela imprensa: pessoas foram queimadas com ácido, obrigadas a ficar seminuas, alguns foram chutados e pisoteados, nem grávida escapou. Em uma instituição, os alunos tiveram que passar por esterco, fezes e animais em decomposição. Já houve casos em que ocorreu a morte de calouros.

 

 

E, apesar de tudo o que se discutiu em 2009 sobre o tema, inclusive com a aprovação de um projeto de lei na Câmara dos Deputados cujo objetivo é desestimular essa prática, o que está se vendo esse ano é um repeteco do anterior, com variantes bem cruéis.

 

O que será que acontece? Ou melhor: o que não acontece visto que tudo continua na mesma?

 

Espera-se que as pessoas aprendam com suas experiências e com as do outro. Ninguém precisa ter participado de um trote violento para saber suas consequências. Qualquer um faz idéia que chutar uma pessoa vai machucá-la. Ou que obrigá-la a beber álcool combustível vai prejudicar sua saúde. Ainda mais em se tratando de universitários, que se espera que tenham possibilidades maiores de discernimento. Não estamos falando de pessoas limitadas em sua intelectualidade ou experiência de vida.

 

Essa questão não evoluiu nada. Isso nos faz pensar que os praticantes realmente não conseguem se aproveitar do real e dirigir sua conduta de uma outra maneira. Provavelmente têm um alto grau de agressividade que precisa ser contido e trabalhado, ainda mais quando a bebida alcoólica está envolvida, algo que não combina com o ambiente acadêmico.

 

E, é claro, eles precisam pagar por isso. Não dá para achar que jovens no quinto ano de faculdade não soubessem o que estavam fazendo. Machucar alguém ou humilhá-la é crime. Portanto, pela lei, eles são criminosos.

Cuidado

Aos calouros, resta tomarem muito cuidado. As coisas já passaram dos limites há tempos. E aos pais que procurem acompanhar os filhos nas matrículas, principalmente naquelas instituições que têm por tradição essa prática violenta. Isso não é superproteção. Enquanto as universidades e as autoridades competentes, que também não aprenderam com as experiências passadas, não tomarem providências, cabe a eles protegerem seus filhos de perto.


Ninguém precisa transformar esse momento de alegria em algo politicamente correto ou sisudo. Brincar faz parte da vida. Mas sempre dentro do limite do aceitável, para que todos saiam ilesos e possam aproveitar esse momento. 
 

(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga) 
 

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